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Paraná é o quarto estado brasileiro que mais recebeu refugiados, segundo relatório de 2019 de agência das Nações Unidas. Foto: Carlos Poly
Conheça o perfil da nova onda imigratória em Araucária
Paraná é o quarto estado brasileiro que mais recebeu refugiados, segundo relatório de 2019 de agência das Nações Unidas. Foto: Carlos Poly

Construir um futuro melhor: essa costuma ser a principal razão por trás de ondas migratórias. Independente de ser um descolamento entre cidades, estados ou países, a imigração é incentivada pela busca de emprego, melhores condições de vida, refúgio, entre outros motivos. Nos últimos anos, Araucária tem registrado um novo fluxo de imigrantes e a integração desses grupos pode contribuir para o desenvolvimento socioeconômico da cidade.

Moradora de Araucária há um ano, Hermínia Maria Vera Herrera faz parte desse grupo de imigrantes e idealiza um futuro melhor para seus filhos. Hermínia é casada, tem quatro filhos e trabalha como chapeira em uma lanchonete, um bico temporário. Depois de sair da Venezuela, a família morou por um tempo em Boa Vista antes de decidir se mudar para o sul do país, onde a oferta de emprego era maior. “Gosto da segurança e das pessoas também, que são muito boas. Fiquei mais longe do meu país, mas aqui tem mais empresas que oferecem trabalho e gostei da cidade, temos muito suporte e sou agradecida por isso”, conta Hermínia.

Longe de casa

Professor do Colégio Júlio Szymanski e coordenador de Ensino de História da SMED, Rafael Almeida lembra que é necessário registrar e entender os desafios pelos quais os imigrantes passam. Segundo o professor, são pessoas que costumam enfrentar uma grave crise humanitária em seus países de origem ou são obrigadas a deixá-los por outros motivos e por isso buscam asilo, estabelecendo sua vida de forma definitiva por não poder ou querer retornar a sua terra natal.

No caso de Hermínia, a maior dificuldade para a família foi se adaptar em meio ao período de pandemia e em uma região com clima muito diferente da Venezuela. A pandemia tornou mais difícil criar laços com outros imigrantes na região de Araucária, devido às medidas de isolamento e prevenção a covid-19. Além disso, o aumento nos preços de gás, comida, energia e aluguel comprometem a renda da família, suficiente apenas para sobreviver no mês. Hermínia e o marido trabalham e recebem auxílios do governo destinados a famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Apesar das dificuldades, a família pretende continuar em Araucária. “Não temos vontade de voltar para a Venezuela, porque até que o país se ajeite vai demorar muito tempo. Então pretendemos nos estabelecer aqui, porque tem segurança para os nossos filhos e é onde podemos construir nosso futuro”, relata Hermínia.

Perfil dos novos migrantes

Hoje em dia, a onda migratória na região de Araucária é formada por venezuelanos, haitianos e colombianos, além de pessoas de outros países ou estados do Brasil. A maior parte dos migrantes na cidade se estabelece em novas comunidades no bairro Capela Velha, de acordo com informações da Central Única das Favelas do Paraná (CUFA-PR) e da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS). “É possível identificar os períodos de pico de imigração por meio dos jovens nas salas de aula. Sotaques, costumes, sonhos e preocupações de pessoas vindas de centenas de outros municípios e países se convergem”, comenta o professor Almeida.

Produzido em 2019, um relatório da Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) em parceria com universidades brasileiras mostrou que as principais dificuldades de migrantes refugiados no Brasil estão associadas com a inserção no mercado de trabalho, validação de diplomas e baixa renda ou salários insuficientes. Apesar disso, esses grupos pretendiam se adaptar e permanecer no país. Segundo o relatório, o Paraná foi o quarto estado a receber mais imigrantes.

A Secretaria de Assistência Social observa que, em Araucária, os migrantes são elegíveis para qualquer um dos programas, projetos ou benefícios destinados a pessoas em situação de vulnerabilidade. A secretaria realiza encaminhamentos e orientações com relação à documentação civil básica, acesso a benefícios eventuais e mesmo acolhimento em situações mais graves. O órgão também fomenta ações de conscientização contra a xenofobia, implementando campanhas de educação sobre respeito e tolerância. “Operamos com portas abertas e prontos a atender as pessoas em situação de migração em nossas unidades assistenciais do CRAS e do CREAS”, ressalta.

Texto: Laís Almeida, sob supervisão de Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1274 – 12/08/2021

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