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De maneira criativa, colégio limita uso de celular em sala

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De maneira criativa, colégio limita uso de celular em sala
Os alunos já assimilaram bem a ideia e até comemoraram uma melhora significativa nas notas

 

A lei que proíbe o uso de celular nas salas de aula a partir do início do próximo ano letivo aprovada recentemente pelo Parlamento da França está dividindo opiniões entre educadores brasileiros. Enquanto alguns acreditam que o uso do aparelho atrapalha tanto o rendimento escolar quanto a própria relação social, para outros o celular deixou de ser apenas um mecanismo de distração e passou a figurar como um recurso novo que, se bem utilizado, pode auxiliar no processo de aprendizagem.

O fato é que diante desse conflito de opiniões, cabe à escola definir de que forma vai agir com seus alunos. O Colégio Estadual Marcos Freire, no bairro Estação, usou de criatividade para lidar com a situação: instalou pequenos armários nas salas, onde os alunos guardam seus celulares durante as aulas, podendo pegá-los apenas nos intervalos.

Segundo o diretor Sebastião Valter Fernandes, além de evitar distrações em sala, a ideia do armário foi garantir mais segurança aos professores porque hoje em dia os alunos gravam tudo, fotografam, filmam e depois jogam nas redes sociais, sem critério algum, o que acaba gerando muita dor de cabeça aos pais. “Com o celular em mãos os alunos também se distraem cada vez que recebem mensagens. Ao invés de prestar atenção na explicação, ficam mexendo no celular. Colocamos os armários de forma consensual com os alunos”, explica Valter.

Ele explica que quando entram em sala, todos os estudantes guardam os celulares. Na sequência um funcionário ou a própria direção passa fechando os armários na chave. Durante o intervalo os armários são abertos para que os alunos possam usar os aparelhos. Após o intervalo novamente os celulares são guardados. Caso o professor precise usar pedagogicamente, o armário é aberto e os alunos recebem seus celulares. “É claro que temos situações onde o aluno diz que está sem celular pra não precisar guardar, mas ele respeita a regra e não mexe. Caso não guarde e mexa, os colegas o entregam. Neste caso o celular é recolhido e entregue aos responsáveis mediante ata. Numa escala de 100% houve melhora de 98%”, reitera o diretor.

O diretor auxiliar Márcio Bilobran reiterou que a ideia do armário exclusivo para celulares foi observada em outras escolas, que estavam tendo resultados positivos. “É uma maneira interessante de disciplinar o uso do celular, pois alguns alunos usavam o aparelho de forma errada, e isso prejudicava a concentração. Liberamos o uso nos intervalos, e inclusive disponibilizamos um wi-fi. Os pais aprovaram a medida, porque na maioria das vezes eles mesmo não têm o controle do que o filho acessa na internet”, disse Márcio.

Projeto teve boa aceitação entre os alunos

O uso de armários nas salas de aula está ajudando os professores, mas também já teve a aprovação por parte dos alunos. João Lucas Ribeiro Dias, 13 anos, disse que não tinha limites quando usava o celular e o fato de hoje ter que guardar o aparelho durante a aula o ajudou a se concentrar mais.

“Hoje gosto de usar o celular para outros fins que não seja apenas fuçar nas redes sociais. Uso para fazer trabalhos e isso tem ajudado no meu aprendizado. Meus pais gostaram muito da ideia”, comentou.

Murilo de Oliveira dos Santos, 14 anos, falou que guardar o celular tem sido ótimo, porque a disciplina é a melhor coisa para um aluno. “A maioria só usa o celular pra navegar nas redes sociais, agora se conscientizou que ele pode ser uma ferramenta útil para pesquisas e outros trabalhos. Depois desse projeto do armário, minhas notas melhoraram muito”, comemora.

Opinião semelhante tem a aluna Letícia Barbosa Batista, 13 anos, quando diz que já usou o celular para fazer vários trabalhos. “Esse projeto ajuda bastante porque o celular guardado melhora organização da escola, não tem risco de o aluno perder, de se desconcentrar durante as aulas. Isso refletiu positivamente nas minhas notas, meus pais gostaram porque não fico usando o celular pra fazer coisas erradas”.

A professora de Ciências Ana Maria Budniak explica que costuma utilizar o celular como ferramenta de ensino e que os resultados são visíveis. “Baixamos alguns programas para dar mais ênfase nos trabalhos de pesquisa, dar vida às maquetes. Com autorização da direção, libero um celular por equipe, e quando termina o trabalho, os aparelhos vão para o armário novamente. Os alunos já criaram o hábito de guardar o celular, e isso refletiu consideravelmente nas notas, porque eles não se distraem mais”, pontuou.

Foto: Marco Charneski

Publicado na edição 1126 – 16/08/18