A Delegacia da Mulher e do Adolescente de Araucária está fechando o ano de 2016 com 92% a mais de inquéritos registrados em relação ao ano passado. De acordo com a delegada que está à frente da delegacia há cerca de seis meses, Juliana Busato, isto não significa aumento da criminalidade, mas sim que a polícia está mais atuante.
“Desde que comecei a desenvolver meu trabalho neste município, fui muito bem recebida pela população, pelo Ministério Público, bem como pelos integrantes da Delegacia de Polícia Civil (DP), que hoje tem o delegado Messias (Antonio da Rosa) à frente”, comentou Juliana. Antes da vinda dela para Araucária, o delegado que respondia pelas ocorrências específicas com mulheres, crianças e adolescentes era o mesmo que estava à frente da DP. “Hoje, minhas atividades são exclusivamente voltadas para esta delegacia”, disse Juliana, complementando que sua equipe é composta por mais um escrivão, estagiárias e quatro investigadoras.
Conforme o que ela descreveu, o contato entre o público e funcionários da Delegacia da Mulher está sendo bastante salutar. “Acredito que o fato desta delegacia ter uma mulher como delegada faz com que exista uma maior aproximação e favoreça o diálogo com as vítimas”, declarou. Desde que Juliana assumiu são feitos por mês de oitenta a noventa boletins de ocorrência, sendo que o fato principal da maioria deles é lesão corporal, injúria ou ameaça.
O secretário de Estado de Segurança Pública e Administração Penitenciária, Wagner Mesquita de Oliveira, vê no aumento do número de registros pela Delegacia da Mulher de Araucária a prova de que o investimento feito pelo governo Beto Richa (PSDB) na melhoria do atendimento à população, com a designação de uma delegada e equipe exclusiva para cuidar desses casos de violência contra a mulher, tem aumentado a confiança da vítima nas instituições policiais. “A Secretaria da Segurança tem trabalhado no sentido de ampliar o atendimento especializado a vítimas de crimes, especialmente à mulher, garantindo o amparo do poder público no momento em que a pessoa se encontra mais fragilizada”, destacou. Ainda segundo ele, isso tem sido possível graças à recente contratação de quase setenta novos delegados pelo Governo do Paraná, entre as quais está Dra. Juliana, delegada aqui do Município. “Estamos conseguindo essa ampliação do seu quadro de servidores na área de segurança pública mesmo em um momento difícil da economia brasileira e, a partir do momento em que conseguimos oferecer esse serviço e os resultados aparecem, como no caso de Araucária, a população aumenta sua confiança nas instituições policiais e o número de registros criminais aumenta”, finalizou.
Novo protocolo
Desde o mês de setembro a Delegacia da Mulher e do Adolescente está trabalhando com um novo protocolo de atendimento. A Delegacia da Mulher de Curitiba criou o novo método e funcionários vieram até Araucária para explicar como funcionava o procedimento. “Antes a vítima tinha que vir até a delegacia para registrar o boletim de ocorrência e depois de alguns dias ou semanas retornar para prestar maiores esclarecimentos e contar o que exatamente aconteceu. Com este novo protocolo, no mesmo dia em que a vítima faz o boletim, já presta os esclarecimentos e não precisa mais voltar”, explicou Juliana Busato.
Segundo a delegada, este novo método, além de poupar tempo, faz com que a pessoa não seja “revitimizada”, ou seja, a vítima de abuso sexual, por exemplo, não precisa reviver no interrogatório detalhadamente toda a violência pela qual passou no dia do crime. “A vítima fala uma vez na delegacia e depois retoma o episódio somente no Fórum”, destacou Juliana, acrescentando que aqueles que procuram a DM estão relatando preferir tal protocolo, visto que o abalo e sofrimento psicológico é reduzido.
Texto: Rafaela Carvalho / Foto: everson santos
