A Justiça Eleitoral deve tornar pública nesta quinta-feira, 11 de agosto, a decisão acerca de ação judicial promovida pelo pré-candidato a prefeito Nilton Campos e outros filiados ao PRP contra o presidente da legenda em Araucária, Clodoaldo Sizenando.
Em consulta ao site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), consta a informação de que o juiz eleitoral Carlos Alberto Costa Ritzmann já devolveu ao Cartório o processo com decisão. No entanto, isso aconteceu no final da tarde de ontem, 10 de agosto, sendo que não houve tempo de ser dada publicidade à manifestação do magistrado.
Na ação, Nilton e outros filiados pedem que a convenção do PRP, realizada na sexta-feira, 5 de agosto, não seja considerada válida e que ele possa registrar sua candidatura a prefeito pela sigla. Por consequência, os autores do processo querem que coligação do PRP com a candidatura majoritária do PV, de Rosane Ferreira, não seja validada, bem como a chapa que reuniu PRP, PSD e PEN numa coligação para disputa à Câmara de Vereadores.
Entenda o caso
Toda essa bagunça envolvendo o PRP aconteceu na sexta-feira passada. A convenção do partido foi realizada no CAIC, localizado no conjunto Califórnia. O clima por lá estava tão quente que o presidente da legenda em Araucária, Clodoaldo Sizenando, foi xingado, empurrado e teve que sair às pressas da convenção para acabar não sendo agredido.
A confusão teria iniciado em razão da decisão de Sizenando de não lançar a candidatura própria do sindicalista Nilton Campos a prefeito. Também deu pano pra manga a opção de levar o PRP para a chapa de Rosane Ferreira (PV) e a aprovação de uma coligação de candidatos a vereadores com outros dois partidos: PEN e PSD, este segundo presidido em Araucária pelo vereador Wilson Roberto David Mota.
À nossa reportagem, Nilton Campos, preterido na indicação de candidato a prefeito, disse que Sizenando atrasou o horário de início da convenção e em poucos minutos disse apenas que ele já teria tomado às decisões acerca das coligações. Nilton afirmou ainda que Sizenando não permitiu que ele falasse durante o encontro e sequer colocou em votação entre os membros da Executiva a ida para o lado do PV e a coligação proporcional com o PEN e o PSD. “Ele chegou lá e disse que essas decisões caberiam a ele enquanto presidente. O livro da ata da convenção também não foi apresentado. Na prática, não houve convenção”, denuncia.
Nilton acrescenta que a revolta dos convencionais e dos pré-candidatos a vereador é que, na prática, a decisão unilateral de Sizenando de levar o PRP para uma coligação com o PEN e o PSD na proporcional praticamente acaba com as chances de o partido fazer uma das onze cadeiras na Câmara.
A insatisfação de Nilton e de outros pré-candidatos foi tanta que eles redigiram uma ata e a autenticaram em cartório no sábado (6) garantindo que o PRP não realizou a convenção e que Sizenando escondeu o livro ata rubricado pelo juiz eleitoral, no qual devem ser lavradas as decisões sobre candidaturas e coligações.
Por sua vez, Sizenando deu outra versão para a confusão que marcou a convenção do PRP. Segundo ele, há uma autorização do diretório estadual dando o aval para a executiva municipal deliberar sobre as questões sobre coligações e candidaturas. “Em relação a majoritária o próprio presidente regional deixou claro para o Nilton que aqui no município o partido tem e sempre teve autonomia, e a maioria da executiva não aceitou o nome dele (Nilton) para prefeito, assim como aprovamos a coligação com o PSD e o PEN.
Sobre a acusação de que, na prática, a convenção não teria acontecido, Sizenando afirma que foi Nilton quem incitou uma minoria a tumultuar os trabalhos. “Houve a convenção em meio ao tumulto provocado por uma minoria incitada por ele, fiz o pronunciamento conforme estabelecido, porém ele não aceitou e não está aceitando. Mas, ao final, a maioria da executiva já aprovou e assinou a ata da convenção no livro atestado pelo juiz conforme estabelece o estatuto do partido”, declarou.
Sobre a ata “paralela” assinada por vários pré-candidatos e integrantes da executiva afirmando que não houve a convenção, Sizenando afirma que o documento não tem validade e que Nilton teria pressionado várias pessoas a assiná-la. Pessoas que, inclusive, teriam assinado também a “ata oficial”, que aprovou a coligação com o PEN e PSD na proporcional e com o PV na majoritária. “Essa ata aí é nula, pois não é a atestada pelo juiz, essas assinaturas colhidas foram feitas por pressão, pois o Nilton estava a dizer para eles que eles não sairiam candidatos caso não assinassem. Tanto é que parte dessas assinaturas é a mesma da ata oficial, cujo livro é rubricado pelo juiz”, garantiu.
Texto: Waldiclei Barboza / Fotos: Carlos do Valle