Deus se revela no Antigo Testamento através dos profetas. No Novo Testamento Ele se dá a conhecer plenamente através de seu filho Jesus Cristo. Através de suas palavras e obras, sinais e milagres, e, sobretudo com a sua morte e gloriosa ressurreição, e com o envio do Espírito de verdade, se revela totalmente. O Verbo, que desde o princípio está junto de Deus, fez-Se carne e veio habitar entre nós. Jesus é a Sabedoria de Deus encarnada, é a sua Palavra eterna feita homem mortal. Este é o grande mistério da Encarnação, de um Deus que desce até nós, se faz carne e manifesta ao mundo o verdadeiro rosto do Pai. Jesus Cristo, nascido da Virgem Maria, é realmente o Verbo de Deus que veio morar neste mundo, sendo a ‘Palavra de Deus’, o Filho eterno do Pai feito homem. A história da própria pessoa de Jesus, única e singular, é a palavra definitiva que Deus diz e confia à humanidade. Deus disse-nos tudo ao mesmo tempo e de uma só vez nesta Palavra única e já nada mais tem para dizer. Porque o que antes disse parcialmente pelos profetas, revelou-o totalmente, dando-nos o Todo que é o seu Filho.
A Palavra de Deus exprime-se em palavras humanas graças à obra do Espírito Santo. O mesmo Espírito, que atua na encarnação do Verbo no seio da Virgem Maria, guia Jesus ao longo de toda a sua missão e é prometido aos discípulos. São Jerônimo está firmemente convencido de que ‘não podemos chegar a compreender a Escritura sem a ajuda do Espírito Santo que a inspirou’. Muitas orações antigas invocam o Espírito antes da proclamação das leituras: ‘Mandai o vosso Espírito Santo Paráclito às nossas almas e fazei-nos compreender as Escrituras por Ele inspiradas; e concedei-me interpretá-las de maneira digna, para que os fiéis aqui reunidos delas tirem proveito’. A Sagrada Escritura nasce do seio da Igreja por obra do mesmo Espírito. A Sagrada Escritura é ‘Palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito de Deus’. Os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fossem escritas nas sagradas Letras.
Deus responde à sede que está no coração de cada homem. Deus fala e intervém na história a favor do homem e da sua salvação integral. É decisivo apresentar a Palavra de Deus na sua capacidade de dialogar com os problemas que o homem deve enfrentar na vida diária. Jesus se apresenta como Aquele que veio para que pudéssemos ter a vida em abundância. Devemos fazer todo o esforço para mostrar a Palavra de Deus como abertura aos próprios problemas, como resposta às próprias perguntas e uma satisfação das próprias aspirações. A resposta própria do homem a Deus, que fala, é a fé. Cristo Jesus continua hoje presente, na história, no corpo que é a Igreja; por isso, o ato da nossa fé é um ato ao mesmo tempo pessoal e eclesial. Creio em Jesus e manifesto esta minha fé vivendo em comunidade.
Mês de setembro para nós católicos é o mês da Bíblia, o mês da Palavra de Deus. Dia 30 é o dia da Bíblia, em homenagem a São Jerônimo, que morreu neste dia no ano de 420. Ele traduziu a Bíblia para o latim (conhecida como Vulgata), possibilitando assim a sua leitura e a tradução para todas as línguas vernáculas. Ele nos fala que todo aquele que prega a Palavra de Deus, deve dar testemunho da mesma. Termino com as suas palavras a respeito da pregação: ‘Que as tuas ações não desmintam as tuas palavras, para que não aconteça que, quando tu pregares na Igreja, alguém comente no seu íntimo: ‘Então porque é que tu não ages assim?’ Sejamos ouvintes apaixonados da Palavra e praticantes assíduos daquilo que pregamos.
Publicado na edição 1231 – 24/09/2020
