De repente, aquilo que víamos em filmes de ficção científica, filmes de catástrofes, se tornou realidade. Um vírus novo, recém gerado na bagunça genética que é a convivência e troca de microrganismos entre seres de diferentes espécies em algumas partes do mundo, se tornou na maior transformação nas nossas rotinas, na perda de qualidade de vida que tínhamos, perda de comodidades, facilidades, mas principalmente perda da sensação de segurança causada pelo longo período de estabilidade que vivemos desde a última grande pandemia, a de gripe espanhola. A verdade é que as epidemias sempre foram comuns ao longo da história da humanidade. Apenas achávamos erroneamente que a sociedade científica e tecnológica em que vivemos estava a salvo desse tipo de coisa.
É fácil rir da ingenuidade e ignorância dos antigos, que corriam para as igrejas para rezar e pedir proteção, aglomerando-se e fazendo aquilo que justamente iria dinamizar ainda mais o ritmo de contágio, a aglomeração, o contato, a proximidade. Bocas rezando e expelindo vapores, fluidos, que iam se disseminando para todos. Corpos se empilhavam nas calçadas, pessoas eram abandonadas à própria sorte. A coisa só acabava quando praticamente só sobrava quem era imune. Os antigos pelo menos têm a desculpa de que desconheciam os meios de contágio. O que dizer então dos nossos contemporâneos? Que sabem como ocorre o contágio, mas mesmo assim botam a sua vida e as dos outros em risco?
Há um ano, quando surgiu a notícia do primeiro caso de Covid em Araucária dava para sentir no ar o peso do medo. As pessoas mudaram radicalmente de comportamento. Todos olhavam para o próximo com desconfiança. Todo esse medo com um caso apenas no município. Hoje, com um número astronômico de casos as pessoas não se sentem intimidadas de fazer festas, reuniões familiares e outros tipos de encontro. O que mudou na cabeça das pessoas de lá para cá? Será que pulamos do excesso de medo para o excesso de confiança? A proximidade da vacina? Bem, a letalidade do vírus não diminuiu. Na verdade aumentou. Diante de tudo isso, resta-nos esperar que as pessoas tomem consciência de suas ações e não botem tudo a perder agora, que estamos tão próximos de vencer nessa pandemia. Pense nisso e boa leitura.
Publicado na edição 1255 – 01/04/2021