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Edilson Bueno: Tambora, o ano sem verão

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Na Indonésia existem muitas ilhas vulcânicas, o mundo ainda está sendo moldado por lá. O vulcão Tambora com seus 4.200 metros era o maior deles. Em 15/04/1815 ele explodiu. Equivaleria a 3 milhões de bombas de Hiroshima. O estrondo foi ouvido a 3.000 km e teve impacto em todo o planeta. Foi lançado a 40 km de altura na estratosfera 200 milhões de toneladas de cinzas vulcânicas, e 100 km cúbicos de pedras. Uma pesada nuvem de cinza abateu-se sobre o globo, impedindo que os raios solares atingissem a terra por 600 km de distância, o sol desapareceu nos três dias seguintes e tsunamis tomaram os mares.

No ano de 1816 ocorreu mudança no clima global e não houve verão no Hemisfério Norte e a história só fala de Napoleão que ficou com a fama da desgraça que se abateu sobre o planeta. Fome e surtos de epidemia dizimaram boa parte da humanidade. Os suíços comeram musgos, para saciar a fome e o clima serviu de inspiração para o clássico Frankenstein de Mary Shelley, e seu amigo James Polidor escreveu o Vampiro, pois ambos ficaram fechados na mesma hospedaria nos Alpes.

Na França não houve colheita. Na Irlanda chuvas frias duraram 142 dias e não houve colheita de trigo, aveia e batatas. Na Hungria e na Itália as nevascas marrons e amarelas era o fruto das poeiras do Tambora. Na Inglaterra o governo aboliu a cobrança de impostos porque não havia produção. Alemães famintos assavam palha e serragem como se fosse pão no ano sem verão.

Na América, Joseph Smith fundador dos Mórmons teve que se mudar de Vermont para Nova York, fugindo do frio e do fim do mundo. No Canadá, em Quebec, castigavam ondas de frio e geada, e em Seven Oaks o clima gelado causou uma batalha por comida entre duas empresas rivais com mortandade e selvageria para saciar o ronco da barriga. Na China o rio Amarelo causou enchentes devastadoras além do clima de monções ter desaparecido naquele ano. Na Índia o excesso de chuvas agravou epidemias, enfim de Bengala a Moscou a fome roncou.

Edição n.º 1380