Editorial: Cada um em seu quadrado!

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Em Araucária, historicamente, as eleições para escolha dos conselheiros tutelares sempre foram marcadas pela presença mais do que ativa de lideranças políticas nas campanhas da grande maioria dos candidatos.

Sempre foi, digamos assim, normal atrelar tal candidato a determinado político. Tanto é que havia, a boca pequena, certa competição para saber quantos votos determinado político conseguiria para seu predileto ao Conselho Tutelar.

Não invariavelmente também tinha-se o hábito de tratar a disputa ao Conselho Tutelar como uma prévia das eleições municipais para a Câmara de Vereadores. Assim, se o conselheiro fosse bem votado, automaticamente aumentava-se o cacife eleitoral de seu padrinho político na briga pelas cadeiras legislativas.

O Popular mesmo, em sua tradicional coluna de notas políticas, mostrava aos seus leitores quem eram os padrinhos desse ou daquele candidato a conselheiro.

Obviamente, é preciso dizer, não é porque no passado a prática era essa que ela deve continuar sendo! Ainda mais no processo para escolha de pessoas tão importantes como os guardiões dos direitos das crianças e do adolescentes araucarienses.

E é justamente por isso que é preciso ver com bons olhos a evolução e profissionalização do processo eleitoral para escolha dos conselheiros que vimos acontecer em nossa cidade de uns anos para cá. Hoje, admitamos, é mais fácil ser candidato a vereador do que candidato a conselheiro tutelar. E isso acontece porque, antes de se chegar ao momento em que os interessados em ser conselheiro possam efetivamente pedir o voto ao eleitor, eles são submetidos a avaliações psicológicas e de conhecimentos gerais, de informática e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que é a bíblia dos conselheiros.

Porém, mesmo com todo esse avanço, vimos esta semana uma ação do Ministério Público local na tentativa de coibir o chamado abuso político e econômico na eleição para o Conselho Tutelar. A parte do abuso econômico é fácil de entender. É injetar dinheiro, grana, money, tuntum em valores que não justificam o retorno financeiro que o eleito obterá. Mas e o abuso político? Bem, o abuso político é fazer justamente o que mencionamos no início deste editorial.

Assim, precisamos que tanto os candidatos ao Conselho Tutelar quanto os políticos desta cidade parem de se misturar. Cada um precisa ficar em seu quadrado. Do contrário, seguiremos tendo a espada da desconfiança da licitude do processo eleitoral sobre a cabeça de ambos.

Edição n.º 1380

Compartilhar
PUBLICIDADE