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Editorial: Um longo caminho pela frente

Editorial: Ser político e também tomar decisões difíceis

As fortes chuvas que caíram sobre Araucária e todo o Paraná ao longo das últimas semanas deixaram e seguem deixando um rastro de destruição.

Essa grande quantidade de chuva também faz com que aquelas comunidades instaladas em regiões mais periféricas da cidade e às margens de leitos de rios e represas sejam os primeiros a sofrer.

No caso dessas comunidades, lamentavelmente, é preciso dizer que a infelicidade é dupla. Isto porque, além desses moradores serem os primeiros a sofrerem com a constância da chuva, a solução definitiva para seus casos é também a mais difícil e demorada de ser alcançada.

Acontece que estamos falando – em sua maioria – de comunidades ocupadas em áreas impróprias para a habitação. E impróprias justamente por estarem margeando grandes rios e lagos. A única solução possível para essas comunidades é justamente a realocação em outras áreas.

Acontece que realocar definitivamente famílias em áreas não alcançadas pelas chuvas é algo não necessariamente fácil de se fazer para o poder público municipal. E não se trata aqui de uma defesa inconsequente do Poder Executivo e sim de uma constatação possível de se chegar a qualquer pessoa que olhe o problema com um pouco de seriedade.

Das políticas públicas, a habitacional é uma das mais complexas de se resolver em todo o Brasil. Vejamos exemplos como o dos morros cariocas, das favelas de São Paulo, dentre tantos outros. Estamos falando de um problema nacional, que só será corretamente enfrentado a partir do momento que o Governo Federal abraçar essa causa.

Hoje, como sabemos, a maior financiadora de programas habitacionais do país é a Caixa, uma instituição financeira pertencente à União. E mesmo ela tem poucos projetos voltados para o atendimento daquelas famílias de baixa renda, que é justamente quase a totalidade dos moradores das ocupações araucarienses que sofrem sempre que as chuvas despencam de maneira mais constante.

É preciso, em momentos como o que vivemos atualmente, ter um pouco mais de empatia com essas famílias. E ter empatia é acolher o sofrimento, a angústia e até mesmo a raiva que essas pessoas tendem a manifestar com o governo, com os políticos, dentre outros. Porém, essa empatia é também não sermos sujeitos que potencializem o problema, sugestionando que ele é de fácil resolução, porque não é!

Façamos o acolhimento emocional dessas pessoas e sejamos colaboradores de suas necessidades dentro de nossas possibilidades. Neste momento é a única coisa que podemos fazer de bom por eles. Todo o resto é desnecessário!

Edição n.º 1387

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