Ao longo do ano são várias as datas em que somos convidados a refletir sobre algo. Esse convite à reflexão, de certa forma, mostra o quanto ainda temos que caminhar para que o Brasil seja um país mais igualitário.
Dessas várias datas, sem dúvida, uma das mais importantes é a de 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Afinal, um rápido olhar para a história do Brasil nos mostra o tamanho da dívida que temos com a população preta de nosso país.
Essa necessidade de reparação se torna ainda mais latente quando levamos em conta que os negros são livres em nosso país há apenas 135 anos. Exatamente! Dos 523 anos de história brasileira, em 388 deles boa parte dos seres humanos que aqui viviam eram escravos, eram propriedade de uma pessoa branca. E isso acontecia simplesmente porque essa pessoa possuía uma cor de pele diferente. É ou não é uma vergonha? Estamos ou não diante de uma chaga brasileira? Temos ou não uma dívida com esses irmãos humanos?
É só quando paramos para refletir verdadeiramente sobre as circunstâncias dessa abolição que conseguimos entender um pouco a razão dessa ferida ainda estar aberta, os motivos dessa dívida não estar nem perto de começar a ser paga.
E essa dívida é sim sua! Pessoa não-negra com ou sem privilégios. E é sua porque, assim como os negros não escolheram ser escravos, não podemos escolher “não pagar” ou não admitir que temos essa pendência. É o custo de, graças a Deus, vivermos em sociedade e numa democracia. Uma sociedade que permanece injusta e uma democracia que ainda não é plena. Mas que ainda segue sendo o menos pior dos regimes para vivermos!
Edição n.º 1390