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Educação Infantil, Acolhimento e Relações Étnico-Raciais

No começo da vida escolar da criança, é possível acolher as diferenças de uma forma afetiva e única, despertando nas crianças desde bebês a sensibilidade, auto-reconhecimento, o conhecer e respeitar o outro da forma como ele é. A convivência desde cedo com pessoas que não fazem parte da sua família contribui para que a criança possa encontrar e interagir com o outro, aprendendo a respeitar as diferenças do seu corpo e do corpo do outro. As propostas de atividades na Educação Infantil reforçam as boas convivências cotidianas em que o respeito e cuidado com o outro são importantes em todos os momentos da rotina. São esses valores que irão acompanhar a criança por toda a sua vida.

As dimensões do cuidar e educar são direitos de todas as crianças dentro dos espaços de Educação Infantil, portanto é preciso garantir de forma ética e responsável esses mesmos direitos a todas, independente das suas características físicas. “O acolhimento da criança implica o respeito à sua cultura, corporeidade, estética e presença no mundo. As crianças observam os profissionais o tempo todo e reproduzem suas ações e falas. Sendo assim, é necessário ter ética e respeito às individualidades de cada criança, como por exemplo, chamá-las pelo seus próprios nomes e não por apelidos.

A valorização e o respeito a todas as crianças são conceitos ensinados pelos bons exemplos. “A educadora é a mediadora entre a criança e o mundo, e é por meio das interações que a criança constrói uma autoimagem em relação à beleza, à construção do gênero e aos comportamentos sociais”. (A cor da Cultura, p. 20). Muitas vezes, as observações das crianças são expressadas no brincar e nas suas relações com as outras crianças.

No Campo de Experiência “O Eu, o Outro e o Nós”, da Base Nacional Comum Curricular, são apresentados para as crianças saberes e conhecimentos que garantem propostas relacionadas ao respeito ao outro e vivências em sociedade por meio de objetivos de aprendizagens e desenvolvimento.

É importante promover momentos de escuta que podem acontecer em roda de conversa, para que as crianças e famílias possam compartilhar suas histórias de vida, suas ancestralidades, seus costumes e suas culturas, partindo da realidade de cada criança de forma significativa, valorizando e respeitando a história de cada criança/família da turma.

A Educação Infantil é um importante momento da infância, propício para dar início à estimulação e à sensibilização da criança para aprender a conviver, respeitar e valorizar aquele que é diferente dela.

Seguem algumas Sugestões de ações para o desenvolvimento dessas aprendizagens no cotidiano dos espaços da Educação Infantil:

Disponibilize brinquedos, brincadeiras, livros, vídeos, músicas, danças e materiais que valorizem personagens e protagonistas Negros.

Converse com as crianças sobre os tons de pele durante atividades, apresentando a elas materiais como lápis de cor, giz de cera… de diferentes tons.

Atenção a algumas falas, para que as crianças não absorvam vocabulários preconceituosos. Por exemplo: “lista negra, cabelo ruim, ovelha negra, denegrir, a coisa tá preta”.

Converse com as crianças sobre o racismo, que é um crime, apresente a elas seus direitos e as deixe seguras para falar e procurar ajuda quando precisarem.

Traga para a turma as contribuições dos negros para a sociedade e os nomes de pessoas de referência que fizeram e fazem a diferença.

Essas ações precisam acontecer não apenas em datas comemorativas, mas sim no dia a dia da Educação Infantil.

Repensar atividades estereotipadas que muitas vezes só reproduzem uma ideia e não fazem sentido para as crianças, pois elas não conheceram ainda o contexto.

Promover momentos de convivência entre as crianças de diferentes etnias da sua unidade, por meio de brincadeiras e interações.

Incentive as relações respeitosas entre as crianças.

Elogie as características de todas as crianças.

Multiplique as ações do grupo ERER (Educação para as Relações Étnicos-Raciais).

Seja antirracista!!!

Autoras: Camila Langner Zadureski, Lucilene de Siqueira França e Suzana Nunes Branco

Publicado na edição 1218 – 15/06/2020

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