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Ensina-nos a rezar

Padre André Marmilicz: Há mais alegria em dar do que receber

Os discípulos pediram a Jesus que lhes ensinasse a rezar, e, ele, então, ensina a eles a oração maravilhosa do Pai Nosso. Uma oração traduzida em todas as línguas do mundo e, com certeza, a mais conhecida de todas. É normal vermos pessoas rezando em diversas ocasiões da vida, mas, muitas vezes de modo automático, sem penetrar na sua profundidade e naquilo que ela realmente está nos pedindo. Repetimos palavras, sem nos atermos àquilo que elas têm a nos dizer. Essa oração sintetiza toda a mensagem cristã. Na Igreja primitiva os catecúmenos a aprendiam diretamente do bispo. Era como o compêndio de todo o conhecimento sobre Deus e sobre a vida cristã, instrução que lhes foi transmitida durante o longo período de preparação para o Batismo. Porém, não é suficiente rezar, mas saber como rezar. Por isso Jesus ensinou aos seus discípulos uma oração, que deve servir como modelo.
Quando rezardes, dizei: ‘Pai Nosso.’ Em primeiro lugar, Jesus nos ensina a chamar Deus de Pai, ou seja, nos coloca na condição de filhos queridos e muito amados. Mas um Pai que é de todos e, nos coloca como irmãos uns dos outros. Rezar ‘Pai Nosso’ nos compromete a vivermos a fraternidade. Quem não acolhe o outro como irmão, não importa quem ele seja, sua cor, raça, sexo, religião, classe social, não compreendeu o significado inicial e fundamental dessa oração.
‘Santificado seja o vosso nome’. O seu nome só é glorificado quando a sua salvação alcança o homem. Um aleijado restabelecido, um coração libertado do ódio, um pecador que reconquista a felicidade, uma família que reconstrói a harmonia doméstica ‘santificam o nome de Deus’, porque fazem a pessoa exultar num grito de alegria e de gratidão. Deus se reflete na pessoa do irmão, criado à sua imagem e semelhança. Como dizia Santo Irineu: ‘a glória de Deus é o homem vivente’.
‘Venha o vosso reino’. O Reino que Jesus veio anunciar é carregado de amor, de justiça, de solidariedade, de acolhida, onde todos possam viver dignamente, sem exclusão e sem diferença social. É um Reino de paz, e, não de guerras, de ódio, de vingança, de mentira, de inveja, de destruição. Quando pedimos que venha entre nós o seu Reino, naturalmente nos comprometemos em sermos construtores desse Reino de paz, de amor, e, vivermos de acordo com os princípios do evangelho.
‘Dai-nos hoje o pão necessário ao nosso sustento’. É sempre uma oração que me leva ao encontro do outro, e, para que todos tenham o pão de cada dia. Rezar o Pai nosso é ir contra todo tipo de egoísmo, de ganância, de competição que destrói o outro, de indiferença com a dor e o sofrimento do outro. É comprometer-se em ser um instrumento a serviço da vida de todos. Quem reza o Pai nosso se coloca num permanente estado de exame de si mesmo. Não pode pedir o ‘Pai Nosso’, quem só pensa em si mesmo e que não trabalha, mas vive às custas dos outros.
Quem reza o Pai Nosso, se coloca numa atitude de perdão aos irmãos. Quem é incapaz de perdoar, jamais entenderá o que significa essa oração. E, por fim, rezamos pedindo que nos livre de todas as tentações; do poder que massacra, do ter que exclui os outros e do prazer que só pensa única e exclusivamente em seu bem estar.

Ensina-nos a rezar

Publicado na edição 1321 – 22/07/2022

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