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Entenda porque o namoro na adolescência pode ser preocupante

Entenda porque o namoro na adolescência pode ser preocupante

O recente episódio ocorrido em Araucária, sobre um adolescente que atacou a mãe da então namorada, também menor de idade, com golpes de machado, reacendeu a discussão sobre os perigos do namoro na adolescência, sem o consentimento dos pais. Nessa situação, a mãe da menina seria contra o namoro e isso teria provocado a revolta no rapaz. Felizmente a mulher sobreviveu ao ataque, evitando que a tragédia fosse maior. Os dois adolescentes foram apreendidos.

Esse foi apenas um dos tantos casos de violência que ocorrem em meio a relacionamentos amorosos entre adolescentes. Não há como negar que o perigo ronda os namoros nessa fase da vida, que é marcada por grandes transformações. Além das intensas mudanças hormonais, a adolescência também marca o período de transição da infância para a vida adulta — o que vem acompanhado de muitas descobertas.

A conselheira tutelar Patrícia Soares explica que muitos relacionamentos são marcados por discordâncias e, às vezes, frustrações. Conflitos e términos são momentos difíceis de lidar, e na adolescência isso acontece com intensidade preocupante. “Não é raro os casos de adolescentes que se encontram com saúde mental comprometida, em virtude de relações amorosas, de relacionamentos que iniciaram saudáveis e evoluíram para relações tóxicas, que deixaram sequelas irreversíveis”, ilustra.

Ainda de acordo com a conselheira, a descoberta, os sentimentos, e a vontade de se relacionar é gigantesca, porém as famílias devem cuidar com os excessos e se atentarem para as responsabilidades sobre seus pupilos. “Para a lei brasileira, adolescentes abaixo de 14 anos são incapazes de consentir a respeito de suas interações ou relações sexuais. Portanto, não se recomenda o namoro. A partir dos 14 anos, a legislação brasileira prevê o desenvolvimento da capacidade de consentimento. Isso significa que, a partir deste momento, o indivíduo já tem discernimento suficiente pra poder namorar, desde que não haja a existência de crimes como exploração, pornografia entre outros”, explica.

Patrícia lembra ainda que cabe aos responsáveis monitorar minuciosamente as relações dos filhos, sejam elas entre namorados ou até mesmo entre amigos. “É importante que os adolescentes não assumam papéis que não são seus e que o namoro faça parte do desenvolvimento da forma mais saudável possível”, declara.

É preciso dialogar

A psicóloga Joana D’arc Saliba diz que na transição da infância para a idade adulta há uma considerável necessidade de reajuste de convivência e adaptação social. “Podemos dizer que é um período confuso dos sentimentos, onde atitudes agressivas podem surgir como uma fonte de frustrações, comunicação e relações sociais frágeis e inadequadas. Apesar de não podermos generalizar, condutas agressivas podem ser adquiridas por imitação dos modelos à disposição desde o nascimento, como exemplo, os maus tratos físicos e emocionais de figuras importantes, papéis essenciais na vida da criança”, argumenta.
Segundo a psicóloga, é exatamente nesse contexto que pode haver o início da agressividade no adolescente. Ela aponta que a falta de limite é outro fator que propicia o comportamento agressivo – se o adolescente identificar que não há consequências para seu comportamento agressivo, o fará inúmeras vezes, sempre que necessitar, e usará desse meio nas suas relações sociais.

“Entender as causas do comportamento agressivo através da aproximação, escuta e diálogo, estabelecendo limites, é de suma importância. Procurar conversar e interessar-se pelo universo tão desafiador também se faz necessário. Ajudar o adolescente a refletir sobre seus comportamentos, lhe dará sentido de vida, mostrando que existem maneiras saudáveis de se resolver conflitos e fará com que muitas situações frustrantes sejam ressignificadas e trazidas para a luz da consciência. Mas há de se deixar claro que se diagnosticado um transtorno mental, uma grande variedade de condições que afetam o humor, o raciocínio e o comportamento, deve-se procurar ajuda profissional, apoio e cuidados sociais para o adolescente”, orienta.

Edição n. 1357

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