Equilíbrio

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Várias gerações de brasileiros foram tolhidas de expressar suas opiniões e impedidas de manifestar-se, inclusive nas diversas formas de arte, quando se opunham ao pensamento dominante. Após a dita abertura lenta e gradual do regime militar, os espaços de manifestação foram surgindo e hoje contamos com liberdade plena de expressão. É verdade que o poder econômico e o interesse político não deixaram de exercer sua influência, de forma aberta ou velada. Aplicam forte coerção aos que os contrariam de forma consistente, mas não agem impunemente. A repressão violenta e inadmissível exercida sobre os professores e funcionários na batalha do Centro Cívico, em 29 de abril, recebeu censura de todos os órgãos e personalidades democráticas coerentes e o governador viu-se obrigado a alterar a estratégia adotada. É que aqueles que o apoiavam incondicionalmente, ou que através da omissão até incentivavam o comportamento imperial, perceberam que não mais obteriam votos e aprovação popular. Com medo de não continuar exercendo mandatos eletivos, tais apoiadores sinalizaram que abandonariam o doce aconchego ao governo. Se a violência chocante e deplorável tivesse acontecido em um regime autoritário, bastaria a desculpa – alegada, porém não comprovada – da infiltração de “perigosos agitadores” na manifestação para redobrar a força empregada até que a manifestação de rebeldia fosse sufocada. Mas, é preciso clareza política para que os movimentos sociais construam a sociedade mais justa que os brasileiros querem. Pode ser até válido que os manifestantes gritem “Fora Beto Richa!” como forma de pressão, acentuando o descontentamento que sentem. No entanto, as cabeças pensantes do movimento e da própria sociedade precisam esclarecer a população de que o equilíbrio, a boa inteligência, é o que realmente conta em qualquer situação. O governador do Paraná foi recentemente reeleito, sem que sequer precisasse disputar o segundo turno. Obtidos nas urnas, os mandatos das autoridades somente são cancelados se houver crime de responsabilidade comprovado, por renúncia ou por falecimento do titular. Eleitores esclarecidos é que farão escolhas cada vez melhores, em todos os níveis. O sentimento de que é possível modificar o resultado das urnas ao sabor do descontentamento momentâneo deve ser evitado. Os movimentos reivindicatórios e de contestação, bem como a apuração de crimes de corrupção, precisam continuar porque eles são próprios da dinâmica democrática. A direção dada aos movimentos e a apuração de crimes deve ser inteligente e equilibrada. Nenhum presidente, governador, prefeito, senador, deputado ou vereador está imune a críticas que não visem atingir sua moral privada. Todas as instituições da sociedade e as pessoas que nelas atuam precisam ser permanentemente avaliadas pela população. É preciso, porém, percebermos que a vivência em uma sociedade democrática exige compromisso e reflexão sobre a qualidade de nossas escolhas. Não dá para votarmos de forma inconsequente e nos chocarmos com a desordem do meio político. Pode ser um processo lento, às vezes até penoso e quase frustrante, mas é através das opções políticas acertadas que o aperfeiçoamento desejado virá.

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