Balões, brincadeiras, risadas e doces super açucarados… Existe memória mais gostosa do que nossa infância? Aquele contato dos pés descalços na terra molhada, pulando na lama com roupas brancas, enquanto a mãe, enlouquecida, corre atrás com sermões e reclamações. E quando ela se aproxima, a criança foge, sem maldade, com alegria, e desmancha a bronca da mãe com aquela risada aguda e gostosa, que ressoa como uma orquestra de alegria. A mãe logo se convence: está tudo bem. A roupa, a máquina lava, mas jamais apagará o sabor e o tempo daquela infância. É por isso que existe uma criança até hoje dentro de cada um de nós.
Hoje, essa criança pode estar dentro de um corpo adulto, mais velho ou mais jovem, mas, independentemente disso, em um corpo que carrega dilemas e problemas que fazem com que o adulto não brinque mais, não ria mais, e não pense mais em diversão na vida. Por que você trancafiou sua criança em um quarto escuro? Que mal ela te fez?
Ela só quer brincar com você, só quer te distrair. Talvez, na tentativa de proteger essa criança de ser zombada ou magoada novamente, você a tenha escondido dentro de si. Mas que dor isso te traz! Sentir-se incomodado até com as piadas que alguém faz perto de você, porque “se minha criança chora, a sua não pode pular”. Isso é o melhor a se pensar?
Não, definitivamente não! É tempo de liberar sua criança, é tempo de curá-la. Então, hoje, depois de ler este texto, feche os olhos e procure sua criança dentro de você. Deixe vir a lembrança mais presente que sua mente trouxer. Onde ela está? Em um quarto, em uma sala? Ela está triste, calada, feliz? Caminhe até ela como o adulto que você é, veja e reconheça seu “eu pequeno” e estenda a mão para ele. Diga: “Está tudo bem. Eu vejo você agora, eu cuido de você.” Ofereça-lhe sua mão ou um colo, e leve-a para o lugar que a faz mais feliz. Talvez ela só queira brincar, talvez ela só precise de um abraço, um doce, um brinquedo… Dê a ela, nessa visualização, o que ela pedir.
É tempo de curar! No final da visualização, termine dizendo: “Eu te amo, eu cuido de você agora, eu te dou colo, e você pode ser quem você quiser ser.” Ao final, dê a si mesmo um abraço generoso e forte, e repita três vezes: “Eu te amo, eu te amo, eu te amo.” Sinta que você está acolhendo sua criança, permitindo-se reconhecer suas emoções infantis e toda a fragilidade que permeia nossa vida humana.
Chore, deixe suas lágrimas percorrerem seu rosto. Volte a chorar, volte a sorrir, por favor, volte a sentir. Entenda que sua criança desfaz todos os problemas com leveza, suavidade e felicidade. Certa vez, Jesus disse: “Das crianças é o Reino dos Céus.” E esse céu é para a minha criança, para a sua, para quem tem a grandeza de se permitir ser pequeno e desatar os nós da indiferença, da mágoa e do pranto em segundos, como uma criança.
Quem machucou sua criança nunca mais voltará a fazê-lo, porque agora você se permite cuidar dela, olhar por ela. Com certeza, padrões infantis em relacionamentos não serão mais tão evidentes, porque você não estará mais buscando aquele pai, aquela mãe, aquele irmão que não cuidou de você como deveria. O amor amadurece em nós quando nos permitimos abraçar nossa criança. Eu desejo que, toda vez que você se sentir triste ou frágil, procure sua criança dentro de você e tente entender como ela está. Se ela estiver triste, compre um doce para ela e coma (se for diabético, escolha um zero açúcar). Mas experimente, para sempre, o sabor da sua infância. Um mês de setembro com muita infância! Sigam-me no @tarodafortuna.
Edição n.º 1430.