Nunca imaginei que um dia me tornaria cartomante. Sempre tive um grande fascínio pelas narrativas religiosas, místicas e esotéricas, mas o tarot, especificamente, não fazia parte dos meus interesses. Na infância, eu adorava as bruxas dos contos e filmes, e, na adolescência, mergulhei no universo de Harry Potter. Li todos os volumes, me sentindo um verdadeiro aluno da Sonserina. No entanto, para mim, artes mágicas e tarot eram apenas fantasia, parte de um mundo imaginário. O tarot só veio, de fato, a se embaralhar nas minhas mãos muito tempo depois.
Desde criança, sempre fui muito intuitivo e tive uma espiritualidade aguçada, vendo seres espirituais em missas e, mais tarde, tendo revelações em cultos protestantes. Ainda assim, a ideia de uma cartomante falar sobre o futuro das pessoas parecia absurda. Eu me mantinha no preconceito de que só Deus poderia conhecer a verdade sobre a vida de alguém.
Minha primeira experiência com uma cartomante foi terrível. A mulher me disse tantas asneiras que torci para que tudo aquilo fosse por água abaixo. Pensei comigo: “Tá repreendido!”. Depois disso, o assunto tarot estava encerrado para mim, e não pensei em procurar esses serviços novamente.
Anos depois desse episódio, já mais maduro, comecei a desenvolver minha mediunidade numa casa de Umbanda em Araucária, no Paraná. A casa ficava perto do cemitério do bairro Porto das Laranjeiras, ao lado de uma mata. Nessa fase de “médium recente” — apelido para quem descobre essa habilidade e fica meio abestalhado —, eu queria me comunicar com todos os seres astrais e entender os mistérios do além-túmulo. Foi então que me conectei com uma guia espiritual cigana, que me apresentou sua cultura e o talento de ler vidas através de cartas e pedras.
Essa guia era a Cigana Rúbia, uma senhora mexicana de tradição cigana espanhola. Um dia, ela me fez um convite: “Aceita aprender a jogar cartas comigo e fazer a diferença na vida de centenas de pessoas?”. Na hora, disse não, ainda com muito preconceito e medo. Mas ela começou a me visitar em sonhos, mostrando mais sobre sua cultura e revelando os símbolos das cartas. Até que um dia, ao acordar, ouvi a voz dela no meu quarto: “Compre meu baralho”. Se eu não soubesse que era médium, teria marcado uma consulta com um psiquiatra naquele momento.
E então, algo inacreditável aconteceu… mas essa parte fica para a próxima edição da coluna Riqueza da Alma. Para esta semana, desejo que você fique curioso sobre a cartomancia. Sigam-me no Instagram: @tarodafortuna.
Edição n.º 1439.