O luto é uma das piores dores sentidas por aqueles que se despedem de um ente querido, um amigo ou um animal de estimação. Isso ocorre porque, desde cedo, em nossa cultura, aprendemos a encarar a morte como uma grande vilã, horripilante e impiedosa, que não espera nem mesmo o descuidado, o desavisado e o incrédulo calçar suas botas antes de batê-las. Mas será que ela é realmente o ponto final de nossa vida? Ou apenas uma vírgula em nossa história, uma pausa maior para que o leitor respire enquanto lê um grande texto, sem perder o fôlego, mas que não finaliza por completo a narrativa?
A ciência admite que a morte chega quando as funções vitais, como batimentos cardíacos, respiração e atividade cerebral, cessam de forma irreversível, e para muitos cientistas, aí o sujeito já “bateu as botas”. No entanto, para desafiar essa ideia, existem os persistentes, que, mesmo dando um pulinho no túnel escuro, decidem retornar à vida, em uma situação chamada pela ciência de Experiência Quase Morte (EQM).
A pós-doutoranda em Psicologia da Universidade de São Paulo – USP, Beatriz Carunchio, após realizar um estudo com 350 pessoas que desafiaram a morte clínica e voltaram, destaca que a maioria delas avistou seu espírito fora do corpo, descrevendo cenas enquanto estavam “mortinhas”, tiveram consciência de estarem mortas, sentiram paz e serenidade (alguns, ao contrário), visitaram amigos falecidos e perceberam uma luz brilhante.
Do ponto de vista religioso, a morte abre diversas possibilidades. Na ótica cristã, pode ser um passaporte só de ida para o fogo do inferno (se você não foi muito bonzinho), com direito a tortura e ranger de dentes incluso no ingresso. Ou, se foi um bom cidadão, um paraíso de glórias garantido, enquanto alguns familiares podem estar sofrendo no fogo inquisidor, mas tudo isso acobertado pelo esquecimento divino, afinal de contas, “quem não é visto não é lembrado”, e ninguém seria feliz consciente dessas cenas de terror, espera-se.
Na ótica espírita e espiritualista, longe de Céu e Inferno, nada é mantido de forma perpétua no “além-túmulo”, mas admite-se a possibilidade de múltiplas existências terrenas, reencarnações para o mesmo ser, ou ainda um aperfeiçoamento temporário no plano astral para viabilizar maior conhecimento e evolução daquele espírito imortal, como uma espécie de auto-escola para que o sujeito aprenda a dirigir melhor sua futura vida, sem cometer tantas “infrações” contra si mesmo.
Longe de querer encerrar hoje o tema da vida após a morte, apenas desejo iniciar essa discussão para amadurecer nossas reflexões com os próximos capítulos de nossa “Riqueza da Alma”. Quero que você reflita durante esta semana: e se a morte não for um ponto final, não representar um “adeus”, mas apenas um “até logo”, como posso ressignificar a dor do luto e ter consciência do poder da vida? Para esta semana, desejo espiritualidade e ciência unidas. Siga-me no @tarodafortuna.