Exterminador do futuro

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Estrelado por Arnold Schwarzenegger, em 1984, o filme “O Exterminador do Futuro” contava a estória de um androide cujo esqueleto era revestido por tecido vivo e tinha grande poder de destruição. O ciborgue voltava do ano 2029 para impedir que nascesse o ser humano que ameaçaria o futuro domínio das máquinas sobre o mundo. O extermínio do nascituro evitaria a salvação da raça humana arruinada, subjugada e à beira da extinção, descrita no filme. Por coincidência, 1984 é o título do livro de George Orwell publicado no ano de 1949 e tido como uma das mais significativas obras literárias entre aquelas que criticam os regimes totalitários. Orwell, de modo profético, abordou em seu livro temas relevantes como a quebra da privacidade, promovida pelo Grande Irmão, Big Brother no original em inglês. O Big Brother sabia absolutamente tudo e procurava dominar até os pensamentos do povo, controlados através da teletela. As duas imagens, do filme O Exterminador e do livro 1984, me ocorreram ao acompanhar a notável resistência que os servidores estaduais do Paraná, tendo à frente os profissionais do magistério congregados pela APP-SINDICATO. Eles conseguiram barrar o dito tratoraço que teria lugar na Assembleia Legislativa. Diferente do que vozes graduadas disseram, os protestos não foram ação de baderneiros e evitaram o extermínio de uma perspectiva de um futuro razoavelmente tranquilo para as finanças do Paraná. É certo que os protestos envolveram também reivindicações classistas, mas exatamente para negociar a viabilidade de tais pedidos é que existem as estruturas de governo. Inegável é que o projeto que unifica os dois principais fundos da Paranaprevidência, incluso no pacote para ser aprovado no tratoraço, constitui-se em ameaça que deve preocupar a todos os paranaenses. O Fundo Previdenciário tem recursos da ordem de 8 bilhões e é superavitário, pois paga apenas os 14 % dos inativos que se aposentaram após sua criação e o início da acumulação dos recursos descontados dos salários dos servidores. Já o Fundo Financeiro, que paga a maior parte dos aposentados, tem um furo mensal de 250 milhões. Com a fusão, os 8 bilhões terão desaparecido em 2 anos e 8 meses e deixarão os aposentados e a capacidade de investimento do estado em situação de total incerteza. Renato Follador, idea­lizador do Paranaprevidência, alertou em declaração ao jornal Gazeta do Povo: “Se hoje não há dinheiro para pagar a folha, imagine daqui a 3 anos quando houver mais 20 mil aposentados. O fundo estará zerado e vão tirar dinheiro de onde?” A falta de uma reação mais consistente da sociedade, frente a tamanha ameaça ao futuro próximo do estado, poderia mesmo indicar a influência de um grande “Big Brother” a promover a alienação geral. Segundo o colunista Dante Mendonça, no já citado jornal, é possível que algum dos deputados, que se sujeitou a ir até a Assembleia Legislativa embarcado em um camburão para aprovar o pacotaço do governador, tenha até borrado as calças. Não teria resistido, ao ser confrontado pela multidão de servidores que não aceitava mudanças tão sérias sem uma discussão mais aprofundada. Ficou patente a necessidade de escolhermos melhor os políticos que elegemos. O momento é grave e todo cidadão que não esteja alienado deve fazer o possível para evitar tamanho atentado ao futuro do Paraná. É preciso exigir do governador, dos deputados estaduais e demais autoridades uma maior responsabilidade com os destinos do Paraná, o que não inclui o auxílio moradia e outras medidas que continuam afrontando a população. O futuro pode ser salvo, conforme mostrou a multidão estimada em 50.000 pessoas que se reuniu para protestar no Centro Cívico, nesta quarta-feira. É preciso, porém, direção adequada para canalizar a insatisfação e promover as mudanças necessárias.

Compartilhar
PUBLICIDADE