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Falar sobre suicídio NÃO estimula pessoas a tirarem a própria vida
Foto: Divulgação

Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 720 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, sem contar com os episódios subnotificados, podendo elevar esses números para mais de 1 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia!

O Paraná é o quarto estado brasileiro que mais registrou mortes por suicídio nos últimos 10 anos. É o que revelam dados do Ministério da Saúde, os quais apontam que entre 2014 e 2023, pelo menos 134.033 mortes por lesões autoprovocadas intencionalmente foram registradas em todo o Brasil. O Paraná, por sua vez, foi responsável por 8.923 casos, o equivalente a 6,7% de todos os registros no país.

Já em Araucária, conforme dados do sistema do Ministério da Saúde, os óbitos que tem como causa as lesões autoprovocadas de saúde totalizaram dez em 2020, dezesseis em 2021, nove em 2022 e nove em 2023.

Segundo especialistas, as causas do suicídio são complexas e não podem ser explicadas por um episódio pontual, como, por exemplo, o término de um relacionamento ou a perda de um emprego. A causa é multifatorial e pode haver interação entre os fatores biológico, psicológico, socioambiental e cultural, que influenciam o estado emocional das pessoas.

Podemos ajudar uma pessoa com ideação suicida, ao percebermos nela falas ou mudanças acentuadas de comportamento, tais como isolamento, piora ou desinteresse no desempenho acadêmico/escolar, perda de interesse por algumas atividades, dificuldades para comer e/ou dormir, e frases como “eu não aguento mais” ou “eu preferia estar morto”, que podem se configurar como importantes sinais de alerta.

Centro de Valorização à Vida

Uma importante ferramenta de ajuda às pessoas que estão em sofrimento extremo é o Centro de Valorização à Vida (CVV), que realiza um trabalho de prevenção ao suicídio. Para conversar com um voluntário, basta ligar no telefone 188 ou entrar em contato com o chat disponível no site do CVV (cvv.org.br). Ambos os serviços funcionam 24 horas por dia.

Ao ligar ou acessar o chat, a pessoa é atendida por um voluntário com respeito, anonimato, e que guardará sigilo sobre tudo que for escrito. Os voluntários do CVV são capacitados para conversar com todas as pessoas que procuram ajuda e apoio emocional.

Tema tabu

O suicídio ainda é um assunto tabu e muitos tem medo de falar a respeito, incluindo a mídia. Todos consideram perigoso porque acreditam que isso possa estimular outras pessoas a tirarem a própria vida, o que não é verdade. É claro que os debates em torno do tema devem ser equilibrados e objetivos e que não podemos simplesmente descrever o suicídio como um fato que simplesmente ocorreu e que não poderia ter sido evitado, o que é um mito.

Setembro Amarelo

Quando falamos em suicídio, é imprescindível não mencionarmos a campanha de prevenção “Setembro Amarelo”, que mobiliza todo o País. Em Araucária, a Secretaria Municipal de Saúde informou que todas as unidades básicas de saúde possuem um cronograma próprio de atividades relacionadas à campanha nacional.

O Departamento de Atenção Psicossocial (DAPS) incentiva a realização de ações de educação permanente em saúde relacionada à temática de prevenção ao suicídio; assim como a realização de atividades, grupos ou oficinas abordando a temática da prevenção com usuários do serviço e familiares. Nas ações matriciais do CAPS, o assunto também é abordado de maneira permanente.

Conheça a história do Mustang que inspirou a campanha global de prevenção do suicídio:

O Setembro Amarelo é um braço brasileiro de uma campanha global de prevenção do suicídio que desde 1994 tem esta cor como símbolo em referência à comovente história de Mike Emme, um jovem americano que tirou a própria vida aos 17 anos.

No funeral de Mike, seus pais distribuíram fitas amarelas em referência a um Ford Mustang 1968 que o filho havia restaurado e onde foi encontrado sem vida, criando assim um poderoso lembrete visual da importância da conscientização sobre a saúde mental que acabou se espalhando pelo mundo.

A iniciativa levou à formação do Programa de Prevenção ao Suicídio Fita Amarela (Yellow Ribbon Suicide Prevention Program), trazido para o Brasil em 2015 por iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em colaboração com o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Edição n.º 1433.

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