Famílias das crianças esquecidas em transporte escolar estão inconformadas

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Duas famílias que residem na área rural de Araucária estão indignadas com uma empresa de transporte escolar da cidade que, pasmem, esqueceu um garotinho e uma garotinha de apenas 4 anos, trancados dentro de um micro-ônibus. As crianças embarcaram no transporte por volta das 7h de quinta-feira, 10 de março, na porta das suas casas, no Campestre e no Campina das Pedras, e no momento da chegada ao CMEI Maria Arlete Bregenski Vaz, em Guajuvira, não desembarcaram. Segundo informações, isso ocorreu porque os dois estariam dormindo nesse momento.

Agora pasmem mais uma vez: tanto o motorista do micro-ônibus quanto a monitora, não deram pela falta dos pequeninos. Sem conferir se todos os ocupantes haviam desembarcado, eles trancaram janelas e portas e se afastaram do veículo. Um tempo depois, no momento em que as crianças acordaram, entraram em desespero, começaram a chorar e a gritar. Como se trata de uma área rural, a movimentação de pessoas não é constante, por isso as crianças ficaram presas no interior do veículo por cerca de cinco horas, até serem encontradas.

Felizmente o funcionário de uma agropecuária que fica nas proximidades acabou ouvindo um choro forte, se aproximou do veículo e ao perceber que dentro dele havia duas crianças trancados, chamou ajuda e conseguiram arrombar a porta. Os pequeninos foram retirados do veículo e levados até o CMEI.

Irresponsabilidade

Revoltada, a mãe do garotinho, Vanessa, conta que naquele dia estava muito calor, com sol forte e quando encontrado, o filho ainda estava com blusa de frio, usava máscara e tinha feito xixi e cocô nas calças. “Eu ainda não consigo acreditar que isso aconteceu com o meu filho. Ele está traumatizado, ficou das 7h até por volta das 12h45 trancado dentro daquele micro-ônibus, ficou todo queimado do sol. Não acredito que nem o motorista e nem a monitora tenham percebido ele e a coleguinha lá dentro, é muita irresponsabilidade, não tem explicação. Meu filho não quer mais voltar pro CMEI, diz que lá tem um homem mau e a tia também é má. Ele diz que nunca mais quer andar de ônibus”, relata.

Na terça-feira, dia 14, Vanessa registrou um boletim de ocorrência sobre o caso. “Tentei fazer o boletim no mesmo dia do ocorrido, não deu certo. Voltei na sexta, 11, com a diretora e outro pai, mas novamente não consegui. Somente nesta terça deu certo, porque eu entrei em contato com o Conselho Tutelar e eles conversaram com o superintendente da Delegacia, que me orientou a fazer um boletim correto. Nós também prestamos depoimento”, comentou.

No dia do fato, o CMEI chamou o responsável pela empresa Translourdes, a secretária de Educação Adriana (Palmieri) e o pediatra da unidade de saúde de Guajuvira. Os pais estavam aflitos, mas ninguém nos deu uma boa explicação para o que aconteceu. Ficamos sabendo que no dia seguinte remanejaram a monitora, mas o motorista continuou dirigindo o mesmo micro-ônibus. Só depois que várias mães ligaram pedindo sua saída é que ele foi afastado. A empresa falou que vai responder pelos dois funcionários e também ofereceu apoio psicológico e psicopedagógico para meu filho e a outra garotinha. Sugeriu dois profissionais, mas preferimos nós mesmos escolher”, contou a mãe.

Rogério, pai do garotinho, comentou que ainda não registrou o boletim de ocorrência, mas prometeu que irá tomar providências. “Minha filha só voltou a frequentar o CMEI porque eu a levo e busco todos os dias. Ela ainda está muito assustada”, comentou.

Providências

A Secretaria Municipal de Educação explicou que após tomar conhecimento dos fatos, enviou representantes até a o CMEI para averiguação. Disse que na ocasião, foram acionados os profissionais de saúde da UBS Santa Terezinha/Guajuvira e o médico pediatra foi até a unidade educacional para realizar o primeiro atendimento às crianças, atestando que elas estavam em boas condições clínicas, necessitando apenas de bastante hidratação.

A SMED esclareceu que na sequência se reuniu com os responsáveis legais das crianças, na presença da direção do CMEI, de representantes da Smed e membros da equipe pedagógica, bem como, na presença do responsável pela empresa terceirizada Translourdes.

“Os envolvidos registraram o boletim de ocorrência e a direção da unidade educacional encaminhou os documentos referentes aos fatos à Secretaria Municipal de Educação. Diante de todos os fatos, a SMED encaminhou um processo administrativo para a Procuradoria Geral do Município, requerendo orientação jurídica acerca das providências que deverão ser adotadas, tanto em relação à parte contratual, bem como eventualmente na esfera cível e criminal”, disse em nota a secretaria.

O responsável pela empresa terceirizada de transporte escolar falou que os funcionários envolvidos no caso foram afastados de suas funções. “São funcionários velhos de empresa e experientes e nunca tivemos problemas com eles. Estamos dando todo apoio que as famílias precisam. Desde o primeiro momento, ainda no dia do fato, foi oferecido apoio psicológico e psicopedagógico para as crianças, conforme ata feita no próprio CMEI, onde estavam os pais das crianças, a Secretaria de Educação, a diretora do ensino infantil, além do diretor e responsáveis pelo transporte escolar. Indicamos uma psicóloga, mas as famílias preferiram outra profissional, e a empresa está bancando os custos. Nossa maior preocupação são as crianças então, tudo que pudermos fazer para elas, nós faremos”, disse o responsável.

Texto: Maurenn Bernardo

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