Quem precisou trocar seu botijão de gás a partir da última terça-feira, dia 1º de setembro, sofreu na hora de pagar a conta e teve um que até decidiu roubar botijões para tentar fugir da crise (reportagem na página 31). Isso aconteceu, pois o botijão de 13kg que até segunda-feira era comercializado em Araucária por valores entre R$ 46,00 e R$ 48,00 passou a ser vendido por quase R$ 60,00 um dia depois. “Eu fui fazer a entrega na casa de uma senhora, e ela chegou a me tocar da casa dela quando falei o novo preço”, conta Hélio José, proprietário da Paitra Gás, no Jardim Iguaçu.
Assim como ele, o gerente Ivan Jorge Cezimbra, da empresa Naturágua, também precisou lidar com consumidores indignados e ainda compartilhou com eles os mesmos sentimentos. “A insatisfação se une à frustração por vermos a situação do nosso país. Então, os clientes reclamam e eu concordo com eles, pois também tenho casa e vejo como está subindo a conta de gás, de água e de luz. Afinal, quem paga pela situação econômica é sempre o consumidor final”, pontua.
Segundo os proprietários das distribuidoras de gás, todo ano existe um aumento entre 8% e 9,5% para custos operacionais das companhias que controlam o mercado brasileiro de GLP como Ultragaz, Liquigas, Supergasbras e Nacional Gas. “Nós recebemos os produtos dessas empresas para distribuição e esse aumento normal faz com que o preço suba entre R$ 3,00 e R$ 4,00 anualmente. Inclusive, tive conhecimento dessa mudança no dia 22 de agosto e os consumidores já estão acostumados com isso”, explica Hélio.
No entanto, o que ele e outros distribuidores não esperavam era o reajuste anunciado pela Petrobras, que não modificava o preço do gás de cozinha desde dezembro de 2002. “Assim como os clientes, eu fui surpreendido na tarde do dia 31 de agosto com a notícia de que a Petrobras também aumentaria o valor do botijão”, recorda Ivan.
Segundo ele, o valor anunciado pela Petrobras foi de 15%, o que elevaria o valor em aproximadamente R$ 6,00. “Só que esse percentual, mais o reajuste das companhias chega a 23,5%, fazendo com que o valor suba pelo menos R$ 10,00 em cada botijão”, explica.
Com isso, empreendedores como Hélio já se preparam para sofrer baixa nas vendas e continuar ouvindo reclamações. “Neste primeiro momento, as pessoas que estão sabendo do aumento vão tentar economizar e usar o botijão reserva que têm em casa. Além disso, existem pessoas que só vão nos procurar quando seu gás acabar. Para elas, o impacto ainda não aconteceu”.
O que o povo acha do aumento?
“Está muito caro. Tudo está subindo, mas o salário continua o mesmo. Antigamente, com R$ 20,00 a gente comprava um bujão de gás e utilizávamos muito fogão à lenha. Era muito mais econômico”.
“É um absurdo esse aumento, não tem nem o que falar. Há uns 10 anos era muito mais barato”.
“No meio de tantas altas, é mais uma, né? Não sei onde vamos parar com isso”.
Texto: Raquel Derevecki / FOTOS: EVERSON SANTOS