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Governo inclui PR-423 no pacote de concessões de estradas do Paraná

Prevista para ocorrer agora em setembro, o leilão que entregará a iniciativa privada a concessão de diversas rodovias que cruzam o Paraná está dividido em seis lotes, sendo que pelo menos um deles fez com que técnicos das secretarias municipais de Planejamento e Obras Públicas de Araucária ficassem com algumas “pulgas atrás das orelhas”.

O lote que interessa diretamente aos moradores de Araucária é o de número um, que inclui as BR-277/373/376/476/PR e as PR-418/423/427. A novidade no lote começa já com a previsão de que, além da BR-476, que já tinha um trecho sob concessão no contrato passado, a PR-423, que liga Araucária a Campo Largo, também será concedida.

O lote um contempla 473,01 quilômetros de extensão de rodovias que serão entregues a iniciativa privada, sendo que os estudos que embasarão o edital do certame já incluem as melhorias que ficarão sob a responsabilidade das concessionárias. Até porque, sem essa informação, os grupos interessados em administrar essas vias não teriam condições de elaborar uma proposta para participar do leilão, que terá como critério menor tarifa. Ou seja, vencerá quem se dispuser a cobrar do usuário a menor tarifa nas praças de pedágio.

Embora o edital ainda não tenha sido publicado, os estudos já foram realizados e principalmente no que diz respeito as intervenções que serão executadas na PR-423, os documentos a que tiveram acesso os técnicos das secretarias de Planejamento e Obras Públicas teriam trazido uma série de dúvidas sobre a obra. “O projeto que nos foi apresentado preocupa porque não prevê uma série de acessos existentes atualmente ao longo da PR-423. Logo, se executado do jeito que nos foi apresentado em reunião no DER (Departamento de Estradas e Rodagens do Paraná), mudará radicalmente o modo como nossa população acessa a rodovia”, pontua o secretário de Planejamento, Samuel Almeida da Silva.

Segundo o superintendente de projetos da Secretaria de Planejamento, Lauri Lenz, é preciso entender que o todas as obras de intervenção na PR-423 e BR-476 acontecerão em razão da execução da terceira faixa no Contorno Sul e a implantação de suas marginais. “Assim, haverá a separação do tráfego rodoviário do tráfego urbano. As marginais no Contorno Sul irão absorver o tráfego urbano, e o contorno em si ficaria sem acesso, permitindo um trânsito mais livre”, explica.

Porém, para que essa bem vinda obra de melhoria de tráfego para a região metropolitana de Curitiba aconteça será necessário – antes – a duplicação da PR-423 e a implantação das faixas adicionais nos dois sentidos da BR-476, isto no trecho compreendido entre a PR-423 e o Contorno Sul.

Assim, embora a execução das obras dentro da concessão estejam divididas ao longo de três décadas, as que afetarão o dia a dia do araucariense devem ser executadas já numa primeira etapa pela concessionária que levar o lote um, muito possivelmente até o terceiro ano da concessão. “Daí nossa decisão de, tão logo que tivemos essa reunião no DER, oficiar aos órgãos responsáveis pela concessão indagando-os sobre essas alterações, principalmente na PR-423” explica Samuel.

Dentre os questionamentos, por exemplo, está o fato de que, no trecho urbano da PR-423 que compreende Araucária, não ter sido previsto a implantação de marginais, o que fará com a via privilegie o tráfego rodoviário em detrimento do acesso e circulação daqueles moradores e comércios instalados há décadas no entorno da estrada.

Só para se ter uma ideia, no trecho urbano da PR-423 estão previstos apenas dois pontos de acesso: um desnível com acesso pela Avenida das Nações (onde atualmente já é possível o cruzamento) e outros acesso na altura da Gerdau, todos feitos por meio da construção de viadutos ou trincheiras. No projeto, inclusive, o próprio acesso à empresa Gerdau está fechado, bem como a “tradicional” rótula do monumento do parafuso.

Outra preocupação é que ao longo do trecho rural da PR-423 foram previstos apenas dois retornos. Isto numa extensão que compreende doze quilômetros de pista. Assim, todos aqueles moradores que moram em localidades como Colônia Cristina, Guajuvira, Campina das Pedras, Rio Verde Acima, teriam que acessar a rodovia – dependendo para onde estariam querendo ir – e dirigir até encontrar um retorno. “Vamos aguardar agora o retorno dessas nossas solicitações de esclarecimentos, para que possamos resolver essas situações antes de que qualquer intervenção na rodovia aconteça”, finaliza Samuel.

Texto: Waldiclei Barboza

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