Araucária PR, , 13°C

Irmãos Pillatto

Irmãos Pillatto

Esse trio araucariense fez muito sucesso em nossa cidade nas décadas de 50 e 60. Eram irmãos: Zezo, Zezinho e Morenho. Faziam apresentações de música sertaneja nas ondas da Rádio Cambiju (atualmente Iguassu), todos os domingos. As apresentações eram ao vivo, e o estúdio da Rádio Cambiju localizava-se na Rua Dr. Victor do Amaral, no alto de um barranco que possuía uma escada cujos degraus foram feitos direto na terra, com proteções de pequenos pedaços de madeira firmando as laterais e tijolos colocados a mão nos degraus. Os irmãos violeiros sofreram poliomielite na infância e ficaram paraplégicos, ainda assim, mesmo com as dificuldades de locomoção na época nunca deixaram de fazer suas apresentações.

Os Pilatinhos como eram conhecidos, eram pessoas que por onde passavam sempre tinham uma legião de admiradores e amigos fiéis, um dos mais belos exemplos de alegria que já tivemos o privilégio de conhecer de perto. A escadaria para se chegar até a Rádio Cambiju, era enfrentada com ajuda dos amigos, que os levavam no colo, haja visto que o acesso para pessoas com deficiência é uma conquista bem recente. Nunca se soube que algum deles reclamou, muito menos que foi discriminado, o respeito que havia por esses três rapazes era um exemplo que todas as gerações deveriam ter aprendido.

Mas, eles não eram apenas músicos de estúdio, frequentemente eram convidados para apresentações nas festas da igreja, para festas de casamento, e naturalmente para os bailes nos clubes que havia em Araucária, aliás acredito que em todas as sociedades os “Irmãos Pillatto” tocaram, muita gente dançou com as modas de viola que eles interpretavam.                                                                                                                                 

Na cidade, para onde eles fossem, sempre havia um amigo para coloca-los na Charrete, que era um meio de transporte onde uma pequena carroça, com rodas emborrachadas, era puxada por um cavalo, havia espaço para duas pessoas no banco mais alto da frente que era do condutor e um banco um pouco mais baixo atrás destinado aos passageiros, e essa charrete sempre chamava atenção por onde passava, porque o cavalo vinha enfeitado com pequenos sininhos que faziam um som bastante peculiar e logo reconhecido, as pessoas saíam para frente de casa para acenar para eles, sempre com alegria e sorrisos eles retribuíam.

As apresentações deste trio de músicas sertanejas atravessava as fronteiras de Araucária. Outras cidades vizinhas também os conheciam e eram constantemente convidados para se apresentarem em festas como na Caximba, Contenda, Lapa, Campo do Santana, aliás foi para este último lugar onde o trio mudou já nos anos 70. Residiram na Rua Dr. Victor do Amaral onde mais tarde foi construido o Bar do Amaral, e depois que o estúdio da Rádio Cambiju passou para a Rua Dr. Julio Szymanski, ainda fizeram muitas apresentações. Pois no antigo endereço da Rádio Cambiju, havia um espaço destinado para que o público participasse ao vivo das apresentações de diversos artistas da época.

Os Irmãos Pillatto ou Os Pilatinhos, foram muito conhecidos em sua época, até hoje são lembrados com carinho por todos os moradores de Araucária, e, também pelos mais antigos admiradores da música sertaneja de raiz. Foram exemplos de viver com alegria e realizações sem deixar que sua condição física viesse causar problemas com o mundo. No final dos anos 70, mudaram-se de Araucária para Campo Santana, onde passaram a viver tranquilamente, todos tiveram famílias e hoje seus netos ainda relembram e levam um pouco destas lembranças de música caipira adiante. Nunca foram discriminados e sempre foram admirados e respeitados, um exemplo de vida e uma das melhores lembranças que ficará para sempre marcada em nossa cidade de Araucária. Deixaram boas lembranças, devem ser lembrados para sempre.                                                                                                                   

Texto de: Terezinha Poly. Foto do acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Leia outras notícias
MEDPREV - SETEMBRO AMARELO