Irmãos propagam as festas e a cultura da cidade

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Irmãos propagam as festas e a cultura da cidade

EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO – 130 ANOS

Os irmãos Terezinha (67) e Osvaldo (76) Poly são pessoas muito conhecidas e queridas aqui em Araucária. Nascidos no norte do Paraná, eles vieram para a cidade ainda crianças, no ano de 1953, quando o pai Romeu foi convidado para gerenciar a antiga Usina de Força, Luz e Águas do PR, que existia próximo as pontes metálicas do Rio Iguaçu.

A família se instalou no bairro Estação e por lá foi tocando a vida, mais tarde mudaram para a região central. Tempos depois, seu Romeu que não havia concluído o primário, mas era autodidata e com profundo conhecimento de eletrotécnica foi trabalhar em Curitiba e depois em Paranaguá, mas a mãe e os seis filhos continuaram em Araucária.

Eles estudaram no Colégio Dias da Rocha, onde fizeram as primeiras amizades fora da vizinhança, que naquela época era escassa. Quando o pai voltou para Araucária, montou a primeira academia de boxe da cidade e foi convidado para dar aulas de Educação Física no Colégio Dias da Rocha.

Da infância, Poly guarda boas recordações, adorava ver os trens que passavam perto da sua casa e faziam parada na Estação. “A gente corria atrás e se pendurava nos vagões, depois de uma certa distância pulava, mas houve uma vez que eu não consegui pular e fui parar lá no Guajuvira”, relembra. Poly também era da turma que ia tomar banho e pescar no Rio Iguaçu. “Era uma época muito boa, havia muita tranquilidade e segurança”, relata cheio de saudosismo.

Terezinha, que era a mais nova dos irmãos, adorava ir brincar num riozinho que formava uma pequena cascata na chácara da dona Júlia Thereza Bini, onde é hoje o prolongamento da Rua Heitor Alves Guimarães. “Enchia de crianças, a gente passava o dia todo por lá, principalmente no verão. Hoje é um buraco abandonado, todo contaminado com água suja e poluída”, lamenta.

A cidade na época era o equivalente a uma pequena vila, com algumas casas das famílias mais tradicionais, a Fábrica de Tecidos São Patrício. Terezinha lembra que bem perto da fábrica havia várias casinhas iguais, onde moravam os operários, a Casa do Cavalo Baio, as escolas, pequenos comércios e a Sociedade Operária Beneficente Araucária, onde a família costumava frequentar nos tradicionais bailes da cidade. E havia a região da praça, onde existia outros comércios, os bares que o pessoal frequentava, a igreja e a prefeitura”, relembra Terezinha. “Depois vieram os loteamentos no início dos anos 80 e a cidade cresceu e a gente também”.

Terezinha fez curso técnico de Contabilidade e aos 19 anos começou a trabalhar na prefeitura, onde passou por diversas secretaria municipais, nos últimos anos antes da aposentadoria era cedida para a Delegacia De Araucária. “No início eu detestei, achei que era castigo trabalhar lá, tinha muito medo dos bandidos, de rebelião, mas depois eu me acostumei. Fiquei por lá 12 anos e foi uma das melhores épocas da minha vida, o pessoal era muito bacana, boêmio, sempre depois do expediente a gente saia para confraternizar”. Ela se aposentou em 2002.

Já o irmão, teve uma vida profissional e social bem mais agitada. Adolescente, Poly gostava de mexer em equipamentos eletrônicos e algumas vezes acompanhava o pai, que também era cantor, na antiga Rádio Cambiju de Araucária. Logo começou a trabalhar na rádio, cuidando dos equipamentos, foi ganhando espaço e acumulou a função de programador musical.

“Pouca gente sabe, mas fui uma das pessoas que fundou o programa A Hora Polonesa (Godzina Polska), eu tinha pequeno gravador e ia até o interior para entrevistar e gravar cantorias com os descendentes de poloneses”. Conta Poly, afirmando que nunca sofreu discriminação ou preconceito. “Sempre fui muito bem recebido por todos, era uma festa quando eu chegava, até me apelidaram de “polaco preto”.

Poly também participou do programa Crepúsculo Sertanejo e Amanhecer no Sertão por cerca de 20 anos, até que a emissora mudou de nome para Rádio Iguassu. Depois ele fez um curso rápido de eletrotécnica e abriu uma oficina de consertos, mas não deu muito certo e ele acabou fechando. “Era muito fiado”, relembra.

Quando Edvino Kampa assumiu a prefeitura, convidou Poly para ser o responsável por todos os eventos da prefeitura, cuidando da parte de sonorização. Depois ele foi efetivado como funcionário público, onde está até hoje. “Me tornei o apresentador oficial da prefeitura, tanto em eventos públicos como nas festas de igreja, de comunidades e agremiações”. Poly ficou muito conhecido por ser o animador da feiras livres municipais e dos bailes promovidos pelo Centro do Idoso.

Resgatando a história

Terezinha curtiu anonimamente alguns anos da sua aposentadoria, até que no final de 2013 ela comprou seu primeiro computador. No ano seguinte ela começou a se aventurar na internet e criou seu perfil pessoal no Facebook. “Como eu conhecia muita gente, logo tive vários amigos virtuais, um dia eu publiquei uma foto da nossa infância brincando na cascatinha e repercutiu bastante, com muitos comentários”. Ela gostou da brincadeira e começou a publicar fotos e relatos de épocas distantes em sua página pessoal. “Meu amigo Luiz Augusto Gonçalves, o piá do Plickt – como era conhecido, deu a ideia de eu criar uma página dedicada a história de Araucária”.

Com a ajuda da sobrinha Fátima Klofa, Terezinha criou no Facebook uma página de fãs denominada “Araucária, uma cidade, uma saudade”, que conta hoje com mais de 11 mil seguidores e mais de 5 mil publicações, todas com foto e um pequeno texto explicativo. Terezinha conta que as postagens são diárias e que o material ela recebe de compartilhamento de amigos, ou pesquisa no Arquivo Histórico Municipal, priorizando locais e eventos que possam proporcionar uma interação maior entre seus fãs.

Segundo Terezinha, entre as publicações mais comentadas está a de Hassan Mahamed Traya, já falecido, que era dono da loja Samira Modas, e da Irmã Filó – uma freira que dava aulas de português, no Colégio Sagrado, e de datilografia. “Todas as pessoas que desejavam trabalhar em escritório, tinham que frequentar o curso de datilografia com a Filó, que era muito rígida mas muito querida por todos”.

Poly é uma pessoa muito popular também nas redes sociais, com mais de 7 mil amigos em seus dois perfis mantidos no Facebook. Pela relevância e importância que os irmãos têm para a cidade, tanto na propagação da história quanto fazendo parte dela, eles já foram agraciados, cada um em seu momento, com uma homenagem concedida pela Câmara de Vereadores de Araucária.

Casado com dona Wanda, Poly tem três filhos, que de certa forma, seguiram os passos do pai na comunicação: a mais nova Juliana é fotógrafa, assim como o irmão Carlos que já foi ator e diretor e o Ronaldo que trabalha com som e eventos. Já dona Terezinha é solteira e mãe de três cachorros e três gatos, que recebem toda a sua atenção e seu amor. Ah, e se você ainda não conhece a famosa pagina da Terezinha, corra lá no Facebook e digite na barra de busca “araucária uma cidade uma saudade”, temos certeza que você também vai virar fã.

Texto: Rosana Claudia Alberti

Foto: Everson Santos

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