No início desta semana o caso de uma gestante que, infelizmente, perdeu os bebês que estava esperando acabou gerando certa repercussão nas redes sociais. Isto porque, segundo familiares da jovem, ela não teria recebido o atendimento correto por parte dos profissionais do Hospital Municipal de Araucária (HMA).
Conforme Jean Lucas Ferreira, sua esposa estava grávida de pouco mais de quinze semanas e, na segunda-feira, 21 de dezembro, procurou uma clínica particular da cidade para realizar uma ecografia para saber qual seria o sexo dos bebês. Neste procedimento, o médico constatou não existir batimentos cardíacos nos fetos.
Ainda conforme Jean, após esse diagnóstico, a jovem e seus familiares procuraram o HMA e lá foram atendidos. Porém, como os bebês já estavam sem sinais vitais, mas a mãe apresentava bom estado de saúde, o caso não foi classificado como grave, sendo que eles foram orientados a retornar no dia seguinte para realização dos procedimentos necessários. Abalados com a notícia da perda dos bebês, os familiares ficaram bastante nervosos e passaram a pedir que uma nova ecografia fosse feita, de modo a confirmar que os fetos estavam mesmo sem batimentos.
Os familiares também questionaram outro atendimento feito anteriormente pelo HMA à gestante, isto em 27 de novembro. Na oportunidade, ela procurou o Hospital alegando síndrome gripal compatível com suspeita de Covid-19. Naquela ocasião, a paciente foi atendida, medicada e teve alta, mas não chegou a realizar o exame para verificar se era mesmo coronavírus porque o médico entendeu não ser o caso. Familiares pontuaram agora que, se talvez, uma consulta mais completa tivesse sido feita já que ela estava grávida eventual problema com os bebês poderia ter sido identificada e eles salvos.
Ainda conforme o pai dos bebês, para evitar mais desgastes, já que a esposa estava bastante nervosa com a situação, ela ficou internada no HMA desde segunda-feira. Na terça-feira (22) à tarde uma nova ecografia foi realizada, a qual confirmou que os bebês estavam mesmo em óbito.
Nestes casos, conforme informou a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), existem dois procedimentos possíveis. Um deles é a chamada curetagem, que consiste na raspagem da cavidade uterina, para retirada dos fetos. Outra opção seria aguardar o próprio corpo “expelir” os restos placentários, o que aconteceria como se fosse uma menstruação. Esta segunda opção é considerada menos invasiva e mais segura. Porém, pode levar até quatro semanas.
Jean e sua esposa optaram pela curetagem, de modo que foi medicada e submetida ao procedimento ainda na terça-feira. O casal ficou internado por mais uma noite, sendo que recebeu alta na manhã desta quarta-feira, 23 de outubro.
Ainda sobre o ocorrido, Jean explicou que sua esposa, embora abalada, está bem. O casal é jovem. Ele tem 23 anos e ela 22. Eles já têm uma outra filhinha, de três anos. Ele explicou que também que a esposa vinha fazendo o pré-natal normalmente, sendo acompanhados pela unidade de saúde do Tupy. “Conversei bastante com minha esposa e hoje ela está mais tranquila. Temos que acreditar nos desígnios de Deus e vamos superar tudo isso”, refletiu.
Nota de esclarecimento
Ainda sobre o episódio, a direção do Hospital emitiu uma nota explicando que não houve negativa de atendimento em nenhuma das oportunidades em que a gestante procurou a unidade. Pontuou ainda que os protocolos médicos foram seguidos, de modo a garantir o melhor atendimento possível a mãe. O Hospital lamentou a perda dos bebês, mas pontuou que eles já chegaram sem sinais vitais ao HMA, como comprova – inclusive – o exame feito pela paciente em clínica particular.
O HMA explicou ainda que, em 27 de novembro, quando a paciente procurou o local em razão da síndrome gripal, ela foi atendida, sendo adotados os protocolos adequados, não sendo possível fazer qualquer relação entre essa consulta e a fatalidade acontecida esta semana.
O Hospital acrescentou também que é uma unidade 100% SUS, qualificado para atendimentos de baixa e média complexidade e que segue todos os protocolos do Ministério da Saúde.
Texto: Waldiclei Barboza/ Foto: Jornal O Popular/ Arquivo