Jesus quando envia os seus discípulos em missão, pede para que eles total desapego; devem ir de dois em dois, de casa em casa, expulsando o mal e levando a boa nova a todas as famílias por onde passarem. Os seus discípulos deverão ser pessoas desprendidas, totalmente focadas na missão, na cura, na libertação das pessoas. Expulsar o mal, pregar o bem, demonstrar que o Reino de Deus é um Reino da vida, da paz e da esperança, essa deveria ser a principal característica dos missionários enviados por Jesus. A condição é que possam ir apenas com uma sandália, um cajado e uma túnica. Que incrível essa determinação de Jesus! O discípulo deverá ser um homem livre, livre para amar, livre para servir. Onde for bem recebido permanecerá nesta casa, mas se não for acolhido, deverá sacudir a poeira dos pés e seguir em frente. Este gesto não é sinal de desforra contra quem não acolheu, mas, pelo contrário, significa a liberdade que cada família tem de receber ou não o enviado do Senhor.
Jesus foi um homem de contínuo e intenso movimento. Ele passava o dia inteiro caminhando, de aldeia em aldeia, de vilarejo em vilarejo, de casa em casa, anunciando a boa nova do Reino. O dia de Jesus era carregado de atendimento, de escuta, de preocupação com os mais sofridos, que certo dia ele denominou como ‘ovelhas sem pastor’. Para ele, ‘não são os sãos que precisam de médico, mas os doentes’. Ele veio para eles, para resgatar a vida lá onde está presente a morte, para restituir a esperança lá onde impera o desespero. Um homem que pregava a certeza de dias melhores, a utopia do Reino de Deus, onde todos possam viver como irmãos, sem distinção de raças, povos, nações ou classe social. Podemos dizer que Jesus passou pelo mundo vendendo sonhos, pregando a esperança e a certeza de que o mundo pode ser melhor, porque este é o desejo de seu Pai. Suas palavras e gestos sempre foram de amor, de respeito e de restituição de dignidade de cada ser humano. A Igreja de Jesus Cristo nasce assim, uma Igreja em saída, que vai ao encontro das pessoas, sobretudo, daquelas mais carentes e mais necessitadas.
Jesus foi um homem totalmente desapegado, livre para amar, para fazer o bem, sem amarras com nenhum sistema, com nenhum partido. Um homem totalmente focado na missão, e é isto que ele pediu para os seus discípulos. Eles também, enviados por ele, deveriam ser homens do bem, espalhando em todos os lares, em todas as regiões, a certeza de que o Reino de Deus chegou. Esta foi, desde o início, a missão herdada pelos discípulos, de serem anunciadores e propagadores da boa nova, onde os valores como a paz, o respeito, a justiça, a acolhida fossem o fator determinante da missão.
Seguir Jesus no mundo de hoje, é também descobrir-se alguém livre, pronto para amar e servir. Disposto a sair do seu comodismo, do seu fechamento, do seu egoísmo, e ir ao encontro de quem mais precisa. Ir de casa em casa, levando a boa nova do evangelho. Assim como ele, o missionário não se preocupa tanto com os instrumentos externos, mas sim, com o seu testemunho de vida. Este deverá ser o diferencial na missão.
Falamos muito mais por aquilo que somos, por aquilo que vivemos, por aquilo que acreditamos, do que através de um mundo de aparatos que nem sempre contribuem com a missão. São necessários, mas não são a essência. Os discípulos foram verdadeiras testemunhas daquilo que pregavam. O testemunho fala mais alto do que todas as palavras. Sair, ir ao encontro, sobretudo daquele afastado ou que ainda não conhece Jesus, testemunhando o seu amor, é o grande desafio da missão.
Publicado na edição 1121 – 12/07/18