Germiria Rodrigues Pontes se esforçou bastante para que o filho Vinicius Rodrigues de Menezes, 19 anos, aluno da Escola Edvair José Leme de Campos/APAE Araucária, acompanhasse as atividades durante o ensino remoto. Embora o filho tenha se adaptado bem à nova realidade, a mãe não esconde a felicidade em saber que ele irá retornar à sala de aula na próxima semana. Vinicius tem síndrome de Down e já tomou as duas doses da vacina contra a Covid 19, fato que pesou na hora da decisão.
“Percebemos a falta que a escola faz em relação a socialização. Meu filho está muito ansioso e feliz por saber que irá rever as professoras e os colegas, mesmo que dentro de uma nova realidade. Ele aprendeu muito nesse tempo em que ficou só no remoto, eu pude acompanhar seu desenvolvimento, mas muito se deve às professoras, que mantiveram as vídeo aulas, fizeram contato direto através do grupo de whatsapp e mandaram o material impresso para que nós familiares pudéssemos realizar as atividades”, disse a Germiria.
No entanto, ela lamenta apenas o fato de que a falta do contato presencial com a escola acabou prejudicando a questão motora do filho, porque em casa ele passa muito tempo sentado. “Felizmente ele irá retomar sua rotina escolar, mesmo que aos poucos, e será possível melhorar bastante sua condição, em todos os aspectos. Eu tenho muito que agradecer à equipe da APAE. Mesmo em meio a pandemia, eles mantiveram o profissionalismo no atendimento aos nossos filhos”, elogiou.
Também aluno da APAE, Aladin Lourenço Martins Rodrigues Pereira, 19 anos, tem deficiência intelectual e vai continuar no ensino remoto. A mãe Miriam de Melo Rodrigues disse que não irá mandá-lo para a escola enquanto ele não tomar a segunda dose da vacina contra a Covid 19. “Queria muito que ele voltasse, mas acho mais seguro que ele fique em casa até tomar a segunda dose, mesmo porque as crianças da APAE, por lei, não são obrigadas a usar máscaras, então isso nos deixa um pouco inseguros”, relatou.
Aladin tem conseguido acompanhar as atividades em casa, e de acordo com a mãe, o esforço de toda a equipe da APAE tem sido fundamental para isso. “A experiência de fazer atividades com ele em casa tem sido muito boa e a APAE tem ajudado muito, não temos do que reclamar. Acredito que eles também tenham preparado a escola para receber os alunos que optaram pelo presencial, com toda segurança possível, e isso me deixará bem mais tranquila quando chegar a hora de o Aladin voltar”, disse Mirian.
Receio de voltar
Pedro Soares de Carvalho tem 4 anos e 6 meses, tem Síndrome de Down e é aluno de inclusão do Infantil 4 do CMEI Estação e no contraturno frequenta o CMAEE Joelma. A mãe Liliane Silva Soares disse que o filho tem uma rotina intensa de atividades, tanto do CMEI quanto do CMAEE. “Tem dias que é mais tranquilo e outros nem tanto, nestes últimos dias ele não está querendo muito fazer as atividades de registro, aquelas que precisam desenhar, pintar e escrever, mas a professora de apoio do CMAEE tem enviado material adaptado, pensando nas dificuldades dele e isso tem ajudado muito.
O ensino remoto tem sido um desafio devido a esses fatores. Não há previsão de retorno das instituições que o Pedro frequenta, mas se isso acontecesse logo, eu confesso que ainda estou insegura em mandá-lo no presencial. A ideia era retomar apenas com ele vacinado, porém a falta de convívio social está prejudicando muito o seu desenvolvimento, tanto que recentemente tivemos que retomar as terapias. Ele ficou um ano e meio sem nenhuma terapia e sem ir à escola”, contou a mãe.
Ela acredita que o retorno no Joelma deverá ser mais tranquilo, isso porque muito provavelmente, a turma do Pedro será bem reduzida. “No CMEI serão mais crianças em sala, então existe um certo receio.
O Pedro não usa máscara, fica um pouco e tira, e ele nem é obrigado a usar por lei. Isso também nos preocupa muito. O medo é que ele não usando máscara possa trazer o vírus para casa ou levar para a escola. As crianças na idade deles não tem muito cuidado, principalmente na hora das refeições, elas são capazes de trocar até as garrafinhas de água.
Quando saio com o Pedro para dar uma volta na rua, ele sai querendo abraçar as pessoas ou dar a mão, imagina na escola quando rever os coleguinhas”. Por isso a decisão de optar pelo presencial deve ser muito bem pensada”, comentou Liliane. Ela também elogiou o empenho e o esforço das professoras em tentar fazer com que os alunos acompanhem todas as atividades.
A garotinha Tauane Vitória Kavetzki, de 9 anos, tem deficiência intelectual e TEA, é cadeirante e frequenta o CMAEE Joelma. A mãe Maria de Lurdes Furman Kavetzki disse que quando a pandemia começou, tudo foi muito assustador. “A Tauane não fala e nem anda, a gente tem que fazer tudo pra ela. Mas é um amor de criança, sempre quietinha, tranquila e alegre. Ela sente falta da escola, mas conversei bastante com as professoras e comentei sobre o meu medo de mandá-la no presencial, mesmo sabendo que a escola tomará todos os cuidados. Talvez eu espere mais um pouco e só mande a Tauane pra escola no próximo ano, pois acredito que a pandemia estará mais controlada”, explicou a mãe. “Queria agradecer à escola Joelma, às professoras, por terem sido atenciosas com as famílias nesses tempos difíceis que todos nós passamos”.
Texto: Maurenn Bernardo
Publicado na edição 1276 – 26/08/2021