Araucária PR, , 18°C

“A Arte existe porque a vida não basta”, disse um dia o poeta Ferreira Gullar, parafraseando outro poeta. Sem entrar numa discussão aprofundada sobre a importância da Arte em nossas vidas, uma coisa ficou muito clara nesta pandemia: as manifestações artísticas, sejam elas quais forem, têm sido uma grande aliada para amenizar o tédio e o desespero, contribuindo para a manutenção de nossa sanidade mental nestes tempos estranhos em que estamos vivendo.

E isso não é de agora. A Arte sempre esteve presente na história da humanidade, tanto é que, em todas as civilizações, em todos os tempos, encontramos registros de manifestações e rituais que vão além da busca pela sobrevivência. Sejam nas narrativas míticas, sejam nos rituais de passagem, sejam nas produções artesanais, em cada esfera é possível reconhecer a “pitada” artística advinda da criatividade e da imaginação.

E, por falar em Arte, uma delas, às vezes relegada ao esquecimento de que é Arte, a Literatura, tem se mostrado fundamental quando se trata da esfera educacional. Seja pela contação de histórias, mediação de leitura ou apenas como suporte para atividades pedagógicas, vemos uma infinidade de trabalhos sendo realizados a partir de livros literários.

Mas, nesse contexto, vem a questão: estamos apreciando, fruindo a Literatura da mesma forma que o fazemos com outras formas de Arte, ou estamos apenas usando-a como pretexto para ensinar outras coisas? Essa é uma questão antiga e passível de várias discussões, até de dissertações de mestrado e teses de doutorado, e não me disponho a discutir aqui.

O que proponho é um exercício apenas: vamos ouvir uma história ou mesmo lê-la sem pensar em resumos ou interpretação de textos; vamos nos deixar levar pelas simbologias, adentrando esse universo de ficção que nos impulsiona a refletir nossa humanidade; vamos perceber essa arte das palavras que nos propõe um outro entendimento sobre a linguagem por meio das metáforas; vamos sentir nos poemas a leveza (ou a dureza) das rimas; vamos brincar com as parlendas; vamos povoar os mundos criados pelos(as) autores(as), com suas personagens que nos emocionam ou decepcionam… Isso porque a Literatura, como as artes em geral, tem um fim em si mesma, pois não é utilitária, nem didática e, não objetivando ensinar nada, acaba contribuindo para nosso processo de humanização.

E, sendo assim, eu clamo para nossas vidas: Mais Literatura, por favor! Pois como dizia o poeta parafraseado acima, Fernando Pessoa: “A Literatura, como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta”.

Texto: Maria de Fatima Borges Departamento de Articulação Pedagógica (DAP)

Publicado na edição 1261 – 13/05/2021

Mais Literatura, por favor!
Mais Literatura, por favor! 1

Leia outras notícias
CORRIDA DE RUA