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Todo ser humano deixa gravado, com sua vida, uma marca neste mundo, que só ele, por si mesmo, é capaz de imprimir. Maduro é o ser humano que imprime sua marca vital de pessoa original, em vez de se orientar pelas marcas dos outros. Um jovem, ao deslizar com seus esquis através da neve, em seguida observou de cima seu rastro. Isso o fascinou. Assim ele pode imaginar muito bem que, com sua vida imprime sua marca única na ‘neve eterna’ deste mundo. Nesse ato ele não se compara com os outros. Não precisa copiar outras marcas.

Ele é a sua marca, que corresponde à sua essência.

Não viemos a esse mundo para simplesmente passar por ele, mas devemos deixar o nosso jeito de ser, único, especial e irrepetível. A beleza da criação divina está exatamente nesse grande mistério: cada um é único e diferente. Não existem pessoas iguais, como se fossem cópias uns dos outros. Somos uma cópia original, e depois que sairmos desse mundo, nunca mais existirá ninguém igual a nós. Portanto, toda comparação é sinal de diminuição, de complexo de inferioridade, e no fundo, é negação da minha essência. Não existem razões pra nos compararmos, porque a beleza da vida está exatamente na diferença. Quando nos comparamos, não acreditamos em nós mesmos e julgamos a nós mesmos inferiores e consideramos os outros superiores. Daí advém as invejas, os ciúmes, o ódio, as desavenças de modo geral, porque não vemos o outro como um irmão, mas como um adversário.

Na medida em que nos percebemos únicos, diferentes, nos colocamos na ótica do serviço, da entrega, da doação. Aquilo que somos não pode ser fechado em nós mesmos, em forma de egoísmo, de individualismo, mas deve ser partilhado, como dom aos outros. Todo fechamento denota egoísmo e nos faz menores do que somos, porque a grandiosidade está na abertura aos outros. Não podemos guardar dentro de nós mesmos os dons, os valores, as potencialidades, aquilo que recebemos como dom de Deus, mas colocá-lo a serviço dos demais.

A pessoa imatura vive em função de si mesma, se coloca como vítima, a coitada, a incompreendida, e busca sempre a atenção externa para viver um pouco melhor. A pessoa madura, pelo contrário, sai de si mesma e vai ao encontro do outro. Dizia alguém com muita propriedade, que a melhor coisa a ser feita por alguém que está depressivo, é visitar pessoas necessitadas, para buscar ali razão para o seu viver. Enquanto essa pessoa permanecer fechada em si mesma, não conseguirá reagir e dar a volta por cima. Pelo contrário, quando alguém sai de si mesmo e se coloca aberto às necessidades dos outros, sobretudo daqueles mais sofredores, acaba encontrando uma razão para a sua própria vida.

Não restam dúvidas de que a nossa vida só terá sentido quando partilhada, seja em família ou em comunidade. O nosso mundo passa por uma situação difícil, onde encontramos tantas pessoas depressivas e sem vontade de viver. Por incrível que pareça, os lugares onde isso se vê de modo mais intenso, é exatamente onde não falta o básico material. Porque no fundo não são as coisas materiais que nos realizam, mas a entrega e a alegria de podermos dispor aos outros um pouco daquilo que somos.

Deixar marcas na história, de modo único e original, é o grande segredo de uma existência feliz. Poder fazer o bem e ajudar os outros, é sinal de que descobrimos a verdadeira razão pela qual estamos nesse mundo. O que somos, o que possuímos, o que recebemos gratuitamente de Deus, deve ser disponibilizado aos outros, do contrário, morreremos porque o fechamento e o egoísmo destroem e não nos deixam viver plenamente. Sair de si mesmo, colocando os dons e qualidades a serviço dos outros, eis o grande segredo de quem deixa pelo mundo marcas de felicidade.

Publicado na edição 1161 – 02/05/2019

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