Nesta sexta-feira, 17 de janeiro, a Federação Única dos Petroleiros – FUP e seus sindicatos realizaram um grande ato nacional em frente à Araucária Nitrogenados (Ansa), antiga Fafen, que iniciou um processo de hibernação na última terça-feira, 14. A partir desta medida, já foi anunciada a demissão de cerca de mil trabalhadores, sendo 396 indiretos e os demais terceirizados. O ato contou com a participação de petroleiros de todas as unidades da Petrobras do Paraná, além de diversas categorias e representantes das centrais sindicais e movimentos sociais do estado.
Em resposta a estes protestos, a Ansa, subsidiária da Petrobras, emitiu uma nota explicando os motivos que culminaram com a decisão de fechar a unidade. Na nota, esclarece que a fábrica foi adquirida da Vale Fertilizantes SA em 2013 e que os empregados que já estavam nos quadros da empresa foram mantidos. A nota diz ainda, que os resultados da Ansa, historicamente, demonstram a falta de sustentabilidade do negócio: somente de janeiro a setembro de 2019, gerou um prejuízo de quase R$ 250 milhões. Para o final de 2020, as previsões indicam que o resultado negativo pode superar R$ 400 milhões. No contexto atual de mercado, a matéria-prima utilizada na fábrica (resíduo asfáltico) está mais cara do que seus produtos finais (ureia e amônia) e as projeções para o negócio continuam negativas.
“A Ansa em 2019 (acumulado de outubro) contribuiu para o abastecimento nacional com 7,6% da quantidade disponibilizada no país (vendas de cerca de 350 mil toneladas), enquanto o volume importado foi cerca de 4,250 milhões de toneladas, resultando em 92,4% da demanda total. Em 2018, a fábrica esteve parada por quase 6 meses, e não trouxe impacto para os clientes, sendo o abastecimento suprido com produto importado. Atualmente o mercado para a ureia perolada, que é produzida pela unidade, é restrito. Por conta da mecanização e produção em larga escala, a ureia granulada tem a preferência dos consumidores por ser maior e mais homogênea, frente à ureia perolada”, descreveu a nota.
Demissões
Sobre as demissões, a Petrobras argumentou que cumpriu rigorosamente o Acordo Coletivo de Trabalho, que prevê que processos de demissão coletiva sejam objeto de discussão prévia com as entidades sindicais, o que está sendo rigorosamente observado. Comentou que se reuniu com o Sindiquímica na manhã do dia 14, para discutir previamente a situação, e também se colocou à disposição para debater com o sindicato o cronograma de desligamentos em ondas, sendo a primeira em 30 dias a contar do anúncio da hibernação e a última em 90 dias. A empresa disse que entende o impacto para os seus 396 empregados e por isso oferecerá um pacote adicional de benefícios, além de uma assessoria especializada em recolocação profissional, a Stato Consultoria, que já está trabalhando na Ansa e passará a interagir com os empregados a partir da semana que vem, com a realização de workshops para orientação de carreira e, posteriormente, atendimentos individuais.
Contratos
Explicou ainda que os contratos de fornecimento de bens e serviços serão encerrados, respeitando as cláusulas contratuais vigentes, o que já foi informado às empresas contratadas, mostrando transparência também em relação a este público. Além disso, a Ansa informou que está em fase final de negociação de convênio para oferecer programas de capacitação e requalificação profissional para as comunidades que ficam no entorno da fábrica, de Araucária.
Durante todo o processo de hibernação, a Ansa se comprometeu em manter uma comunicação ativa com os seus empregados e demais partes interessadas, como sindicatos, fornecedores e poder público, através de palestras, atendimento presencial de assistentes sociais e também um e-mail, que permanecerá disponível para dúvidas durante o processo de hibernação.
Texto: Maurenn Bernardo
Foto: Everson Santos