Pesquisar
Close this search box.

Não tenhais medo

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Os discípulos se encontravam dentro do barco e Jesus estava com eles, mas dormindo. De repente, uma forte tempestade abalou todo aquele ambiente, a ponto de o barco quase virar e se afundar. Os discípulos, naturalmente, entraram em desespero, mas, Jesus, misteriosamente continuava dormindo, como se nada estivesse acontecendo. Tomados pelo pavor, eles acordaram Jesus e desesperados pediram para que ele acalmasse o vento. Foi o que ele fez. E, imediatamente, tudo voltou ao seu normal, como se nada tivesse acontecido. Jesus, então, repreendeu-os porque estavam com medo, mesmo que, a sua presença estivesse com eles. Eles duvidaram, foram homens de pouca fé, mesmo sabendo que Jesus estava no barco, e, a sua presença, jamais permitiria um desastre fatal.

Claramente, este texto apresenta o início da vida cristã, cheia de perseguições, sofrimentos e humilhações. O começo foi realmente muito difícil, pois o império romano era tremendamente violento, e, ser cristão, significava estar pronto para sofrer, inclusive, passar pelo martírio. A barca, na verdade é a Igreja, que passa por situações difíceis, e, aqueles que fazem parte dela, tendem a desanimar, pois, parece que Jesus não está dentro dela. Mas está, e a sua presença, o seu espírito jamais os abandonará. Não fosse isso, certamente a igreja teria sucumbido já no seu início. Jesus está presente, mesmo que por vezes da a impressão de que ele está dormindo, sem se importar com o que está acontecendo.

O medo tem o seu lado normal, e, por tantas vezes é absolutamente saudável. Do contrário, poderíamos nos envolver em problemas sem solução. O medo nos faz parar, esperar a nossa vez de passar, nos faz fugir de situações adversas, não nos permite enfrentar um animal bem mais forte e superior. O medo, neste caso paralisa, e, ele é altamente positivo. No entanto, há medos que não ajudam a avançar, pois limitam nossas buscas, nos deixam inertes e, tantas vezes, frágeis e desanimados. É como se ninguém se importasse conosco, menos ainda, o próprio Jesus. Parece que estamos sós, e, tendemos a nos fechar em nós mesmos, sem ousar, buscar ou arriscar. Esse medo, com certeza, não é positivo e, tantas vezes nos faz fugir, a ponto de sentirmos a famosa síndrome do pânico. Medo de tudo, como se em todos os lugares, alguém estivesse nos vigiando, nos controlando e nos ameaçando. Esse medo é doentio e, naturalmente, precisa ser tratado e acompanhado, para que, possa ser superado.

Na nossa vida pessoal, vivemos tantas vezes o medo de um novo empreendimento, medo de um relacionamento sério, medo de tomar certas decisões na vida. E, assim, movida pelo medo, a pessoa acaba não vivendo. Mais que viver, vive fugindo da vida, com medo do que possa acontecer com ela. Na vida de Igreja também, tantos medos de mudar de rumo, arriscar novos jeitos de evangelizar. E o medo, tantas vezes barra, limita e seguidamente ouvimos frases como essa: ‘aqui sempre foi assim’. No fundo, é o medo de fazer algo diferente e perder aquela segurança falsa e frágil.

Na escola da vida, tantos medos diários tomam conta da nossa vida. Tem gente que tem medo até de levantar, de dirigir, de sair de casa. Medo de constituir uma família, medo de não conseguir sustentar o seu lar, medo de perder o emprego etc. Mas, existem aqueles medos normais que precisamos superar dia após dia. Aí sim, a presença da fé, a certeza de que Jesus está dentro do nosso barco, nos fará fortes e decididos a não desanimar. Sentir o seu conforto, a sua palavra de incentivo, de encorajamento, é simplesmente fundamental.

Publicado na edição 1266 – 17/06/2021

Não tenhais medo
Não tenhais medo 1