Notas Políticas – Edição 1239

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Pá de cal

A vitória de Hissam Hussein Dehaini (Cidadania) sobre Albanor José Ferreira Gomes (Podemos) é uma pá de cal na carreira política daquele que até outrora era chamado de mito. Dono de três mandatos, responsável por ter dado a eleição a outros dois prefeitos, deputado duas vezes, Zezé sai do pleito de 2020 esmagado eleitoralmente.

Pijama

Sem concorrer numa eleição desde 2012, pessoas próximas a Albanor já admitem nos bastidores que parece ter sido um erro ele ter tirado o pijama eleitoral para embarcar numa disputa contra um candidato que qualquer pesquisa aponta como praticamente impossível de ser batido.

Eleitoral e jurídica

Nunca é bom deixar de destacar também que a derrota de Albanor até aqui é dupla: nas urnas e na Justiça. Afinal, ele está com o registro de candidatura negado em razão de ter sido considerado inelegível pela Justiça. Zezé, como se sabe, era um dos donos da falida Mega Cred e, no entendimento do Poder Judiciário, praticou da administração desse grupo no ano que antecedeu sua falência.

Mérito

A vitória esmagadora de Hissam é também a vitória derradeira do secretário de Governo, Genildo Carvalho, sobre Zezé. Genildo é o grande responsável pela desconstrução política de Albanor. O atual secretário de Governo foi quem presidiu a Comcred (Comissão dos Credores da Mega Cred), pedra no sapato dos interesses políticos de Zezé desde que o Grupo Mega Cred faliu.

O responsável

Além de ter enfrentado o poderio político de Albanor em tempos que ninguém ousaria fazê-lo também pertence a Genildo o mérito de ter “tocado o coração” de Hissam para que ele entrasse para a política. E, de novo, fez isso em tempos que pouca gente sequer imaginaria que o hoje prefeito reeleito tivesse algum potencial eleitoral.

Reeleição

Se, por um lado, Araucária deu a primeira reeleição de sua história ao prefeito Hissam, na Câmara o que se viu foi justamente o contrário: nunca antes tão poucos vereadores foram reeleitos.

Dois

Apenas Celso Nicácio (PSD) e Ben Hur Custódio (Cidadania) foram reeleitos e mesmo assim com votações bem inferiores ao de outros pleitos.

De fora

Amanda Nassar (PSL), Fábio Alceu (PDT), Francisco Cabrini (PSD), Claudinho do Açougue (Cidadania) e Elias Almeida (Cidadania) ficaram pelo caminho. A derrota do quinteto deve servir de alerta para os vereadores que estão se elegendo agora. Foi-se o tempo que os candidatos à reeleição eram os bichos papões das chapas.

Não tentaram

Some-se aos sujeitos da nota anterior outros quatro vereadores que não tentaram à reeleição. Tatiana Nogueira (PSDB) embarcou na aventura majoritária ao lado de Zezé. Lucia de Lima (Cidadania) não foi candidata para que o marido tentasse a vaga. A troca deu certo e Pedrinho da Gazeta (Cidadania) conseguiu voltar ao parlamento. Os outros dois que ficaram só vendo as eleições deste ano foram Wilson Roberto David Mota (Patriota) e Vanderlei Cabeleireiro (DEM).

Chapas

Nestas eleições, as primeiras sem a possibilidade de coligações proporcionais, o que se pode ver é que muito partido perdeu a chance de eleger um candidato porque não trabalhou na formação de uma chapa com candidatos medianos. Foi o caso, por exemplo, do MDB e do PTC. Cada um teve um candidato muito bem votado, mas o restante da chapa patinou, o que impediu que elegessem um de seus pares.

Leandro da Academia

O PTC, por exemplo, fez 2.991 votos. Mais da metade deste total, 1.517, foram obtidos por Leandro da Academia. O desempenho individual dele foi o terceiro melhor dentre todos os candidatos, mas como os outros candidatos da chapa não eram tão eficientes, ele ficou de fora da Câmara

Olizandro Junior

Mesma coisa se viu no MDB. O partido obteve 2.851 votos. Deste montante, 1.510 foram feitos por Olizandro Junior. Da mesma forma, como no caso do PTC, o desempenho dos demais candidatos emedebistas foi sofrível e Junior não entrou.

Partido Verde

Interessante também do resultado das eleições deste domingo foi a vitória de Rosane Ferreira. Ela, que depois de ser deputada estadual e federal, voltou a se arriscar numa campanha proporcional conseguiu 1.244. A votação foi inferior a de Leandro e de Olizandro Junior, mas Rosane fez direito o dever de casa e o conjunto dos candidatos do PV totalizaram 3.388 votos fazendo com que ela ficasse com uma das vagas da sobra.

Evolução

Essa questão partidária, aliás, é algo que carecerá da atenção das lideranças partidárias municipais. Hoje, nenhum partido mantém uma agenda regular de atração de novos filiados. Deixa-se isso sempre para as vésperas das eleições, sempre com algumas composições sendo feitas no fórceps. Daí o que se vê é o desempenho nas urnas sendo bem inferior ao que poderia ter sido.

Boa nova

Dentre os eleitos no domingo está Professor Valter. Ele, é preciso admitir, não era tido como um dos favoritos do Cidadania para conseguir se eleger. Isto prova que eleição é mesmo uma caixinha de surpresas. Embora não figurasse entre os favoritos, a eleição de Valter é uma ótima notícia para a Câmara. Diretor da Escola Marcos Freire e do Colégio Monteiro Lobato, que funcionam no mesmo prédio, ele é considerado um excelente gestor, muito competente e bem quisto por sua comunidade escolar. Fica agora a torcida para que ele desenvolva essas mesmas qualidades no exercício do mandato de vereador.

Reclamações

O Cartório Eleitoral de Araucária precisará repensar com carinho na unificação de algumas seções eleitorais. Principalmente aquelas realizadas na área rural da cidade. Durante boa parte da manhã o que se viu foi aglomeração na Escola João Sperandio, onde foram centralizados três mil eleitores que votavam em dez espaços diferentes espalhados por diversos pontos de nossa extensa comunidade rural.

Na comunidade!

]Embora seja preciso entender as questões técnicas, logísticas e de infraestrutura que levaram à centralização desses locais de votação na Escola João Sperandio, é preciso também pesar o desejo dos eleitores dessas comunidades de poder exercer o direito do voto na localidade onde residem. É quase como se isso fosse uma prova de dignidade pra eles. Ter uma seção eleitoral na igreja local, na associação de moradores, no postinho, na escola e assim por diante. É preciso respeitar e tentar atender o desejo dessas pessoas.

Boca de urna

Das várias prisões realizadas no domingo por boca de urna, uma chamou a atenção desta Coluna ao ler os boletins de ocorrência. Uma mulher foi presa com um maço de santinhos adivinhem de quem? Silvinho Pereira (Patriota). Exatamente, o candidato que obteve apenas 149 votos, o que corresponde a 0,21% do total de válidos teve cabo eleitoral preso por propaganda de boca de urna.

Texto: Waldiclei Barboza

Publicado na edição 1239 – 19/11/2020

Compartilhar
PUBLICIDADE