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O milagre da partilha

Jesus, através de diversos sinais, vai revelando ao mundo a proposta do Reino de Deus. Uma proposta totalmente nova, diferente daquela pregada pelos doutores da lei, porque baseada plenamente no amor. No amor que se manifesta através de gestos concretos, de comportamentos diferenciados, em prol do irmão, sobretudo, daquele mais sofredor. Não são as belas palavras, mesmo que carregadas de bastante fervor, que transformam o mundo e realizam o Reino de Deus, mas sim, ações que geram fraternidade. Esse amor se concretiza essencialmente na partilha do pão. Jesus vai insistir, diversas vezes, na necessidade fundamental da partilha, para saciar a fome de todos, e gerar um mundo onde todos possam ter o pão de cada dia e viver dignamente.

No tempo de Jesus, o sonho de todo judeu era ter três refeições diárias. Parece pouco, mas, na prática, a maioria das pessoas fazia apenas uma refeição no dia, no anoitecer. No Antigo Testamento, encontramos mais de mil citações sobre o pão. Sem o pão de cada dia, para todas as famílias, não existe vida digna. O profeta Isaías, chega a sonhar com o Reino de Deus, como uma mesa farta de carnes gordas e vinhos finos. É o profeta sonhador, mas, que no fundo, revela a essência da partilha. O acúmulo, a ganância, a concentração na mão de poucos, gera desigualdade social e a falta para a maioria. Esse mal sempre perpassou a humanidade ao longo da sua história. Somente onde existe partilha, podemos dizer que o Reino de Deus está acontecendo.

O grande milagre realizado por Jesus, na multiplicação dos pães, foi aquele de tocar no coração das pessoas. E, as pessoas, foram capazes de partilhar o que tinham, colocando em comum, saciando a fome de todos, sobrando ainda doze cestos. Muitos imaginam que Jesus pôs a mão sobre os pães e eles cresceram, como se ele fosse um milagreiro. O que aconteceu foi um milagre, o milagre da partilha, cada um colocando em comum tudo aquilo que tinha trazido. Quem já foi a um piquenique sabe que existe a partilha na hora do almoço. Muitos não levam nada, mas, todos acabam comendo e sempre sobra. É impressionante: no final, ainda tem sobras, e, nunca falta para ninguém.

O mundo precisa aprender na escola de Jesus a partilhar. Hoje encontramos tantas pessoas necessitadas daquilo que é o básico para sobreviver. Vemos muitos cristãos generosos, que, a exemplo de Jesus, movidos pela compaixão e pela misericórdia, partilham com alegria. O grande desafio para que haja uma sociedade mais fraterna, mais igualitária, é a partilha. Infelizmente, tantos ainda são muito movidos apenas pelo seu egoísmo, individualismo, incapazes de pensar no bem do outro. Gastam, esbanjam de modo desnecessário, sem se preocupar com a dor do outro. O rico da Bíblia, que teve uma ótima colheita, não foi condenado por isso, mas, porque foi incapaz de pensar no outro. Ele, simplesmente saciou os seus desejos egoístas, mantendo-se indiferente aos sofrimentos dos outros. Esse foi o seu grande pecado, que comprometeu toda a sua vida.

Participar da vida de comunidade é aprender que o verdadeiro amor a Jesus se manifesta em gestos concretos de amor, que se traduz em partilha. Quem participa da Igreja, mas não partilha, ainda não descobriu o verdadeiro sentido do cristianismo. O pão eucarístico que recebemos, deve nos levar a amar o nosso irmão, partilhando o que temos e o que somos. E o jeito mais cristão de partilhar na Igreja, é através da oferta mensal do dízimo.

Publicado na edição 1271 – 22/07/2021

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