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O Pai bom

Padre André Marmilicz: Há mais alegria em dar do que receber

O capitulo 15 do evangelho de Lucas nos apresenta as três parábolas da misericórdia: a ovelha perdida, a moeda que se perde e a parábola por excelência, conhecida como ‘Filho Pródigo’, mas que na verdade é a parábola do ‘Pai Bom’. Todas elas mostram claramente o rosto do Pai, apresentado por Jesus. Se quisermos conhecer quem é Deus, encontramos neste texto a imagem apresentada por seu Filho Jesus. E, em todas elas, transparece um rosto cheio de amor, de misericórdia infinita, sobretudo, com aqueles que erraram e se afastaram do seu caminho. Deus não julga, não condena, não exclui, muito pelo contrário, vai ao encontro daqueles que se perderam, e, quando os resgata com vida, faz uma grande festa.
A parábola mais conhecida entre todas, com certeza, é a parábola do ‘Pai Bom’, que está sempre pronto a acolher seu filho que se afastou, que pegou sua herança e gastou tudo com festas e prostitutas. Essa parábola me faz recordar a minha infância, quando minha catequista a contou num encontro de catequese. Até hoje tenho viva as imagens que eu criei enquanto ela contava a história. É como se Deus Pai estivesse no portão do nosso potreiro, esperando pela volta do filho. E, quando este voltou, ainda distante, correu ao seu encontro, abraçou, beijou, pôs anel na sua mão, sandália em seus pés e pediu para matar o novilho mais cevado e fazer uma grande festa. Até hoje eu me vejo naquele portão, imaginando a volta do filho pródigo e o amor do Pai.
Jesus revela através destas parábolas o quanto Deus é bom, cheio de ternura, de amor e de profunda misericórdia. Deus não quer a morte e nem a perdição de nenhum filho seu. Muito pelo contrário, ele quer a salvação de todos e faz festa quando alguém se converte e muda de vida. Em Jesus, encontramos a máxima do amor de Deus pela humanidade, quando ele afirma: ‘eu não vim para condenar, mas para salvar’. Por vezes ouvimos coisas tão errôneas a respeito de Deus, como se Ele tivesse prazer de condenar, de fazer o mal, de destruir. Quando pequeno, ouvi algumas vezes essa frase: ‘Deus não mata, mas achata’, como se ele sentisse prazer em fazer o mal. Essa é a imagem de Deus proveniente de pessoas doentes, desiquilibradas, que tem o prazer de fazer o mal e de destruir o outro. Mas, decididamente, não é o modo de Deus agir em relação ao ser humano. Ele quer, sim, a salvação de todos.
Esse Pai Bom nos convida a também sermos bons e querermos somente o bem e a felicidade do outro. Quem torce pela destruição do outro, não pode ser considerado cristão e seguidor do verdadeiro Deus. São simplesmente duas realidades antagônicas, porque é simplesmente impossível alguém dizer que ama a Deus, e, ao mesmo tempo, odeia o próximo. Ódio, destruição, mentiras, calúnias, são obras do demônio, que é o espírito do mal, totalmente contrárias aos desígnios de Deus.
Como passageiros no trem da vida, não temos nenhum direito de julgar e condenar ninguém. Temos, sim, o dever de amar o outro, de fazer o bem, de ajudar quem se perdeu, de ser uma mão amiga para levantar quem caiu, ser um sorriso de esperança, para quem anda desanimado e perdido na vida. Nossa missão é de sermos um facho de luz, de esperança, através de nossas palavras, nossos gestos e ações.

O Pai bom
Em breve o Padre Andre estará de volta à cidade que viveu grande parte do seu sacerdócio. Foto: divulgação

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