Jesus, diante da pergunta de Pilatos: ‘Então, tú és rei?’, afirma: ‘sim, sou rei, mas o meu reino não é deste mundo’. Para Pilatos, ser rei significava força, domínio, opressão, violência, armas, enfim, tudo aquilo que pudesse vencer o adversário e manter-se no poder. Era um reino baseado na força, na diminuição do outro, em mostrar o seu poderio, através da violência, mesmo que isso pudesse acarretar a morte de muita gente. Assim os povos da antiguidade entendiam o que significava ser rei e ter um reino em suas mãos, para governar, dominar e massacrar.
O reino pregado por Jesus é totalmente novo, diferente e, por isso, revolucionário. Não uma revolução de armas, de domínio dos grandes sobre os pequenos, dos fortes sobre os fracos, mas, baseado na lei do amor, que se traduz na doação, na entrega, no serviço, sobretudo, aos mais pobres e marginalizados. Jesus veio trazer um novo reinado, onde todos possam viver unidos, e, irmanados, um só pensamento e um só coração. Com suas palavras, com seus gestos, com suas ações, derrubou por terra todos os reinados deste mundo, para instaurar no meio da humanidade, o Reino de Deus.
O centro de toda pregação de Jesus, é o Reino de Deus. Tudo gira em torno da sua construção e ele não estará plenamente instaurado, enquanto não houver igualdade entre todos os seres humanos. Todo tipo de divisão, de discriminação, de desigualdade social, aponta para a busca incessante da sua realização nesta terra. Por isso, o seu reino será sempre uma busca, onde todos tenham direitos iguais, onde impera a fraternidade, a justiça, a solidariedade e a partilha dos bens.
A novidade do reino pregado por Jesus é radicalmente contrária àquela difundida pelos poderosos deste mundo. Ele mesmo diz aos seus discípulos: os reis deste mundo mandam, dominam e massacram, mas entre vós não deve ser assim; quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos. A palavra chave que define o reino pregado por Jesus é: serviço. Numa outra passagem ele vai afirmar àqueles que tiverem se doado plenamente a serviço dos irmãos: no final, depois de termos feito tudo, só nos resta dizer, fomos servos inúteis, fizemos apenas o que deveríamos ter feito. Ou seja, nada de honrarias, de elogios por ter feito o bem, porque isso é simplesmente inerente ao ser humano, como obrigação em sua passagem aqui na terra em vista da sua plena realização.
Jesus mesmo afirma: eu não vim para ser servido, mas para servir, e dar a vida em resgate de muitos. Ele dá o exemplo, lavando os pés dos seus discípulos, pedindo que façam o mesmo, pois, do contrário, não terão parte no seu reino. Se eu, diz ele, sendo vosso mestre e Senhor, lavei os vossos pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Isso significa colocar a sua vida plenamente a serviço dos outros, da família, da comunidade, daqueles que precisam de sua palavra, de sua ajuda, do seu conforto e da sua misericórdia.
Na festa de Jesus Cristo, rei do universo, somos chamados a renovarmos o nosso firme propósito de sermos servos, a gastarmos a nossa vida a serviço da construção do reino de Deus. Um reino diferente dos reinos deste mundo, onde reina o amor, a paz, o perdão, a fraternidade, a solidariedade. Um reino que não é deste mundo, ou seja, prioriza o bem do outro e a sua felicidade. Sejamos, diariamente, construtores do Reino de Deus.
Publicado na edição 1140 – 22/11/18