“Odir do Correio” se despede da jornada como carteiro

Emocionado, o carteiro Odir entregou suas últimas correspondências na terça-feira. Foto: Everson Santos
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“Odir do Correio” se despede da jornada como carteiro
Emocionado, o carteiro Odir entregou suas últimas correspondências na terça-feira. Foto: Everson Santos

A jornada do araucariense Odir Alberti, 58 anos, nos Correios de Araucária, chegou ao fim. Ele se aposentou após 35 anos atuando como carteiro, entregando notícias boas, e às vezes nem tanto, para milhares de moradores. Reconhecido pela empresa e respeitado pelos companheiros de trabalho, Odir foi um funcionário dedicado e exemplar. Cumpriu seu último dia de trabalho nesta terça-feira, 16 de fevereiro, com o coração partido. “Saio com o coração entristecido, mas com a certeza de ter cumprido meu dever, de ter feito muitos amigos durante todos esses anos, conquistando, acima de tudo, o respeito e o reconhecimento dos Correios, uma empresa séria e confiável, que sempre fez o melhor pelos seus colaboradores”, comenta.

Odir relembra seu começo na empresa, quando a equipe era bem reduzida, com apenas cinco funcionários, todos moradores da região. Hoje são mais de 40. Na época, não havia concurso, ele entrou por indicação, e mais tarde fez um curso de carteiro. Nesses 35 anos, sempre optou por trabalhar nas ruas, nunca sentiu necessidade de buscar outras funções, mesmo porque, teria que aceitar transferências para agências fora de Araucária, cidade que ele adotou como sua e jamais pensou em se afastar. O mesmo não aconteceu com a esposa Marli, que ele conheceu nos Correios. “A empresa tem uma política de não permitir pessoas da mesma família trabalhando numa mesma cidade, por isso, ela foi transferida e teve passagens por agências da região. Ela se aposentou essa semana também, após 34 anos de serviços nos Correios, mas não como carteira, atuava em outros setores”, conta Odir.

Dificuldades

Entre as dificuldades que enfrentou na profissão, Odir relembra os 9 anos que se aventurou, entregando correspondências de bicicleta, pedalando em ruas sem asfalto, driblando o barro, outras vezes a poeira, tendo que atravessar matos para cortar caminho entre os bairros. Depois disso começou a fazer entregas de moto, o que facilitou muito a sua vida.

“Quando comecei como carteiro, sonhava em ver as ruas asfaltadas, com acessos entre os bairros, e hoje isso virou realidade. Araucária está bem mais estruturada, as ruas quase todas pavimentadas, agilizando o trabalho dos carteiros e proporcionando a todos mais segurança”, observa.

Histórias engraçadas

Em todos esses anos trabalhando nas ruas de Araucária, Odir acabou fazendo muitos amigos, e claro, vivendo situações pitorescas, que hoje o fazem rir. “Lembro das vezes em que chegava na casa das senhorinhas, e do portão da casa, que ficava longe, eu gritava: “Correios, traga a identidade!”. Elas vinham até o portão para conferir o que eu tinha dito. Eu explicava e elas iam até a casa pra pegar a identidade. Voltavam ao portão e se davam conta de que tinham esquecido os óculos. Iam até a casa novamente. Isso fazia o carteiro perder um bom tempo. Às vezes a gente ficava irritado, porque atrasava o serviço, mas depois acabava se divertindo com a situação”, recorda o carteiro. Isso tudo, segundo ele, eram fatos pequenos diante do carinho que recebia da maioria das pessoas.

Muitas vezes Odir também fez o papel de psicólogo. Isso acontecia durante as entregas em que ele chegava no endereço, justamente no momento em que ocorria alguma desavença. “Coincidia de o carteiro chamar o morador bem na hora da briga, daí uma das partes vinha receber a correspondência e acabava desabafando com a gente. A pessoa pedia conselhos e ali naquele momento, o carteiro se tornava um ombro amigo. A gente ouvia a pessoa, conversava um pouco, e muitas vezes saíamos da casa, sentindo que o clima estava mais tranquilo. Era gratificante!”, comentou.

Papai Noel

Ainda na sua trajetória como carteiro, Odir viveu momentos de intensa emoção, principalmente na época de Natal. Durante três anos ele foi o Papai Noel oficial dos Correios de Curitiba. Em Araucária também se voluntariou e fez o papel do bom velhinho durante alguns anos. Além disso, era chamado para entregar presentes em outras situações. “Por vários meses que antecediam o Natal, deixava minha barba crescer, me sentia honrado em ser o Papai Noel. Sou muito grato à empresa por me proporcionar essas alegrias, grato à população de Araucária por sempre me acolher bem e grato a minha família, que sempre me apoiou”.

Agora, o “Odir do Correio”, como ficou conhecido no município, quer curtir a aposentadoria, mas não por muito tempo, porque já pensa em se aventurar em outros ofícios.

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1249 – 18/02/2021

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