A Santa Casa de Misericórdia de Chavantes encaminhou no último dia 12 de setembro um ofício à Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informando que não tem interesse em continuar responsável pela gestão do Hospital Municipal de Araucária (HMA). A organização social está à frente do HMA desde outubro de 2021.
Coincidentemente, a comunicação do desinteresse em continuar sendo a responsável pela administração do HMA acontece no momento em que a Delegacia de Polícia Civil de Araucária apura as causas de pelo menos dois óbitos ocorridos durante procedimentos cirúrgicos realizado no Hospital.
As duas mortes foram registradas no mês de agosto em circunstâncias tidas como suspeitas pela autoridade policial em razão do perfil dos pacientes. Um homem na casa dos quarenta anos e uma mulher na casa dos trinta. O primeiro teria dado entrada na emergência do HMA com um ferimento no dedo, foi encaminhado para cirurgia e acabou entrando em óbito. Já a segunda teria sido internada para uma curetagem (que é realizado em mulheres que tiveram abortos espontâneos). O procedimento é considerado simples, mas a paciente acabou evoluindo para óbito.
De acordo com o delegado Erineu Portes, titular da Delegacia de Polícia Civil de Araucária, ambos os inquéritos estão em tramitação, sendo que ele já ouviu familiares das vítimas e profissionais que atuaram diretamente no atendimento de ambos quando esses foram internados no HMA. O prazo inicial para conclusão dessas investigações era de trinta dias, porém os laudos de necropsia ainda não foram concluídos pelo Instituto Médico Legal (IML). “Estamos aguardando essa prova técnica para dar seguimento as investigações”, pontuou.
Há ainda outros elementos acerca das circunstâncias sobre esses óbitos que vêm gerando questionamentos, inclusive entre médicos que atuam ou atuaram no HMA. O curto espaço de tempo entre uma morte e outra é um deles. O centro cirúrgico em que ambos foram operados também foi o mesmo. Haveria relatos, inclusive, acerca de uma eventual falha na dispersão dos gases medicinais utilizados pelos profissionais durante a cirurgia, sendo que a aplicação de uma dosagem errada de óxido nitroso medicinal e/ou oxigênio medicinal enquanto o paciente está sedado pode contribuir para a causa mortis.
Sobre o assunto, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informou que abriu sindicância para apurar as circunstâncias de ambos os óbitos. O processo administrativo é conduzido por profissionais da própria Prefeitura sem vinculação alguma com a Santa Casa de Misericórdia de Chavantes.
Nossa reportagem também entrou em contato com a assessoria de comunicação da Santa Casa de Chavantes. Na oportunidade questionamos se existe a possibilidade de que os óbitos tenham ocorrido por algum tipo de falha nas mangueiras que forneciam os gases medicinais durante os procedimentos aos quais os pacientes eram submetidos. A resposta da organização social foi a seguinte: “a Santa Casa de Misericórdia de Chavantes, responsável pela gestão do Hospital Municipal de Araucária (HMA), vem por meio desta informar que os óbitos ocorridos em agosto vêm sendo objeto de investigações policiais individuais, as quais correm sob segredo de justiça. No entanto, cumpre desde logo asseverar que apesar da unidade hospitalar não integrar referidos inquéritos na qualidade de investigada, vem prestando todo o suporte quando solicitado, bem como vem tomando todas as medidas internas a fim de apurar as reais causas das mortes dos pacientes que vieram a óbito, uma vez que possui total interesse em chegar a uma conclusão rápida e eficaz”, diz a nota.
Edição n.º 1381