Jesus claramente se colocou do lado dos sofredores, como os prediletos do Pai. Em diversas ocasiões ele vai enaltecer essa sua preferência, sobretudo, quando afirma: ‘não são os sãos que precisam de médico, mas os doentes’. Sua vida toda estava direcionada para aqueles mais abandonados, excluídos da sociedade, tais como os doentes de modo geral, os pecadores, os pobres e tantos outros sofredores. Quem nega isso, simplesmente está negando o próprio Jesus que reafirma: ‘eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância’. Ele veio para todos, mas, preferencialmente para os mais necessitados e carentes. Assim como uma mãe que tem 10 filhos e ama a todos, mas, cuida de modo preferencial aquele mais necessitado e frágil.
Para mostrar o seu projeto de construção do Reino de Deus, Jesus subiu a montanha e proclamou as bem aventuranças. Elas são a síntese da identidade de todo cristão, que procura seguir fielmente os passos do Mestre. No fundo, bem aventurados são aqueles que se preocupam com os outros, que colocam sua vida a serviço dos mais carentes e abandonados. A vida assume um verdadeiro sentido e uma razão profunda de ser, quando partilhada com aqueles que precisam de uma palavra, de uma ajuda e de um conforto. E Jesus vai citar aqueles aos quais devemos dar uma atenção diferenciada, porque são os prediletos do Pai.
Por ordem de preferência, Jesus começa falando dos pobres, porque deles é o Reino dos Céus. Quando alguém odeia ou se coloca de modo indiferente frente aos mais abandonados da sociedade, está no fundo negando o próprio Jesus Cristo. Continua falando dos seus preferidos, os que choram, porque serão consolados. Isso significa ser capaz de consolar os mais sofridos, escutar suas necessidades e estar pronto para ajudar. E a terceira bem aventurança apresentada pelo Mestre é a mansidão, ou seja, a humildade, que nos coloca iguais uns aos outros, em detrimento daqueles que se acham superiores, só porque tem mais dinheiro ou poder. Os misericordiosos são aqueles que se colocam no lugar do outro, sentem a sua dor e o seu sofrimento, e, em vez de julgar e condenar seus erros, são capazes de ajuda-los, com muito amor e compaixão.
Segundo o evangelista São Mateus, ter fome e sede de justiça, caracteriza a vida de um cristão. Ou seja, ser justo, honesto, não passar os outros para trás e estar sempre pronto ajudar os que passam fome e não tem de onde tirar sustento para sua vida. Ser puro de coração, como nos pede Jesus, não se refere direta e exclusivamente a uma questão moral, mas, ter um coração cheio de amor e ternura, longe de todo tipo de maldade ou de vingança. Ser puro significa não ser mau e nem desejar a desgraça ao outro, muito pelo contrário, sofrer com a dor e se alegrar com a conquista do outro.
Promover a paz, contra todo tipo de guerra, significa estar do lado do profeta de Nazaré. Nada justifica as armas, a violência, a destruição, e, muito menos, em nome de Jesus. Ele é radicalmente pela paz, contra tudo aquilo que destrói e causa danos ao ser humano. E, por fim, bem aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, pelo bem que pregam e pelo amor que dedicam aos mais pobres e abandonados. Assim define Jesus os bem aventurados, aqueles que colocam sua vida a serviço dos irmãos.