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Os fins não justificam os meios

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Ter onde morar é um direito básico. Uma das maiores batalhas que o trabalhador enfrenta hoje é a de escapar do aluguel. Aluguel é dinheiro jogado fora. Vale qualquer sacrifício para se obter o tão sonhado cantinho para morar. Sinal de dignidade, desejo de todos.

Houve um tempo (há muito e muito tempo) em que era só ir à COHAB com um contracheque e documentos básicos e já se saía de lá com um carnê para vinte ou vinte cinco anos para pagar. Todo mundo pagava, porque não era aluguel, era prestação da casa própria. A pessoa estava comprando. Não estava ganhando. Não ia ficar devendo favor a político ou se sujeitar a viver sob o jugo de coordenadores. A casa era pequena, humilde, mas tinha água, tinha luz, dava dignidade. Na conta de luz vinha o endereço, que podia dar no emprego.

Depois vieram os financiamentos. Os bancos apareceram com um monte de aditivos, luvas, juros de mora, seguros, taxas de despachantes, documentação e mais um amontoado de extras. Além disso tudo, nunca se financia todo o valor do imóvel. Sempre é preciso dar uma entrada, que não raramente – vejam só – é o valor de um carro de segunda mão. Ah, mas o banco facilita! Sim, facilita, mas cobra juros e todos sabemos como funcionam os juros de banco.

Bem, então se ter o seu próprio pedacinho de chão significa a materialização de um sonho e os governos não colaboram para realização desse desejo, é certo invadir? Não. Absolutamente, não! Invasão é crime previsto em lei! E não deixa de ser crime se a pessoa tem um discurso bonito. É por isso que é legítima a ação dos órgãos de segurança que coíbem invasões quando elas estão acontecendo. Afinal, a área pertence a alguém, seja esse alguém uma pessoa privada ou pública.

Não se pode, num estado democrático de direito, considerar normal e aceitável o desrespeito à propriedade particular. O que se pode é sim cobrar do poder público que implante uma política habitacional voltada àqueles que não tem condições de acessar os financiamentos oferecidos por programas como o Casa Verde e Amarela.

Sabemos que Araucária sofre hoje com as ocupações irregulares promovidas há dez, quinze, vinte anos. Ocupações essas que já estão consolidadas e que agora começam a passar por um processo de regularização. E talvez seja justamente a energia gasta com a regularização desses espaços que impede que nos concentremos em novos projetos de loteamentos populares. Não podemos cometer os mesmos erros do passado. Precisamos sim é consertar o que foi feito de errado e não errar mais. Simples assim! Boa leitura.

Publicado na edição 1262 – 20/05/2021