Paciente relata atendimento com “médica vidente”

O atendimento aconteceu no dia 5 de janeiro na Unidade de Pronto Atendimento de Araucária, no Costeira
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O atendimento aconteceu no dia 5 de janeiro na Unidade de Pronto Atendimento de Araucária, no Costeira
O atendimento aconteceu no dia 5 de janeiro na Unidade de Pronto Atendimento de Araucária, no Costeira

Ao passar mal a ponto de sair de casa procurar aten­dimento emergencial em plena madrugada, o mínimo que um paciente espera é aten­ção do especialista que o aten­derá. No entanto, a araucariense Angeline Pacheco garante que não encontrou isso na Unidade de Pronto Atendimento de Arau­cária (UPA) às 3h da manhã do dia 5 de janeiro.

Segundo ela, sua noite estava horrível com vômitos, fraqueza e tremor devido às fortes cólicas que sofre e, por isso, decidiu buscar ajuda. “Cheguei lá às 3h10 e, apesar de ser a única no local, fui atendida somente às 3h39”, conta.

Até aí tudo bem. O problema, de acordo com ela, veio durante a consulta. “Não sou médica, mas acho que não é preciso ser formada em Medicina para contestar o relatório da Dra. Fabiane Lopes P. Oliveira – CRM 30.342, que me aten­deu em aproximadamente cinco minutos. Sem sequer tocar em mim (praticamente uma vidente), afirma que eu não estava com febre, tudo certo com as minhas pupilas (mesmo mal olhando na minha cara) e que meu abdômen estava indolor à palpação”, afirma a jovem.

De acordo com a paciente de 29 anos, essas informações foram colocadas no prontuário de atendimento, o que a deixou indignada. “Ela não me examinou. Quando li o prontuário fiquei muito indignada porque tinha tanta informação ali que parecia que ela tinha feito um check up completo”.

Por isso, a moradora do Santa Regina decidiu publicar o que aconteceu nas redes sociais e logo percebeu o poder da internet. “A diretora da UPA entrou em contato com a minha mãe pedindo que eu devolvesse o prontuário porque não podia ter levado embora. Só que eu não peguei o prontuário sem permissão. A médica me entregou. Então, acho que depois da minha postagem perceberam o erro que tinham cometido”, pontua.

Para completar a consulta, a jovem ainda pediu um atestado, mas garante que a doutora lhe disse que a UPA não fornecia. “Gostaria muito de saber se isso é verdade mesmo ou se ela achou que eu estava querendo uma folga no trabalho”, diz, indignada.

Resposta

O Jornal O Popular do Paraná entrou em contato com a Se­cretaria Municipal de Saúde e a pasta afirmou que qualquer questio­namento quanto à conduta médica deve ser formalizado junto à Ouvidoria da Saúde (0800-6437744) para que a situação seja averiguada e sejam tomadas as medidas administrativas cabíveis. “Até o momento, tal questionamento junto à secretaria não foi feito pela usuária que reclama do atendimento”, informa. Entretanto, Angeline afirma que tentou ligar três vezes para a Ouvidoria, mas não foi atendida. “Liguei no dia 6 às 16h, 16h30 e 16h50”, conta.

Ainda segundo a Secretaria, o artigo 80 do Código de Ética médica proíbe “expedir documento médico sem ter praticado ato profissional que o justifique, que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade”. Por isso, afirma que, se isso ocorreu, a usuária precisa formalizar sua acusação.

Quanto a fornecer atestado, ou não, a SMSA comunica que essa é uma avaliação que cabe ao médico e, para terminar, informa que a usuária não permaneceu no local para tomar a medicação prescrita. Angeline garante que tomou as duas injeções. “Só que elas acabaram fazendo efeito na hora e depois continuei mal”, lamenta.

Texto: Raquel Derevecki / FOTO: MARCO CHARNESKI

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