Araucária PR, , 15°C

Padre André Marmilicz: A grande lição do Mestre — aprender a partilhar

Padre André Marmilicz: A grande lição do Mestre — aprender a partilhar
Foto: Divulgação

A história do jovem rico é muito conhecida de todos aqueles que seguem o evangelho de Jesus Cristo. É o jovem que se aproxima do Mestre, perguntando o que deve fazer para herdar a vida eterna. Jesus então lhe pergunta se conhece os mandamentos e, o jovem, muito feliz, responde dizendo que os segue desde a sua mais terna idade. Jesus ficou impressionado com aquele jovem, e, olhando-o com ternura, lhe diz que só falta uma coisa para possuir a herança eterna: vender os bens e distribui-los entre os pobres. Foi o momento crucial, decisivo, pois o jovem possuía muitos bens, e, de modo triste, se afastou do Mestre e seguiu o seu caminho. Jesus então vai exclamar: ‘como é difícil um rico entrar no Reino dos céus. É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, do que o rico entrar no reino dos céus’.

Num primeiro momento, podemos pensar que a riqueza é um mal em si e que deve ser evitada a todo custo, para ser salvo. Que adianta ao homem ter tudo nesse mundo, se vier a perder a sua alma? Com certeza, não foi bem essa a lição e o ensinamento que Jesus nos quer dar. Ele mesmo afirma que veio para que todos tenham vida e, a tenham em abundância. Ele não defendia a pobreza em si mesma, pois, todos tem direito para lutar por uma vida digna. O que aparece de modo claro, é o apego excessivo aos bens materiais, pensando somente em si mesmo, sem ser capaz de partilhar com os outros. Jesus condena o egoísmo, o fechamento, o individualismo, a ganância, o desejo desenfreado de acumular, sem pensar nos outros. Isso sim, afasta o homem rico de Deus, pois, Deus por natureza é comunhão.

O grande desafio em todos os tempos da humanidade, foi a capacidade do ser humano sair de si mesmo e pensar nos outros. Parece que existe cada vez mais uma tendência a pensar somente naquilo que lhe satisfaz, fechando-se às necessidades do outro. A partilha é um sinal, um gesto de amor de Deus que se concretiza no amor ao próximo. A ganância, o acúmulo e o egoísmo, podem criar uma satisfação imediata, mas, não nos realizam profundamente. Somente no encontro com o outro, na doação, na entrega, na partilha, que encontramos a verdadeira felicidade. Pior ainda, quando a ganância gera indiferença com a dor e sofrimento do outro!

Claramente, Jesus não é contra a busca de uma vida mais digna, da busca do bem estar, do desejo de crescer e evoluir na vida. Isso faz parte dos anseios humanos e da sua natural evolução, do seu jeito irrequieto de ser, almejando sempre galgar realidades melhores em sua existência. O que o Mestre nos ensina é que não devemos valer pelo que possuímos, mas, por aquilo que somos, ou seja, capazes sair de si mesmo e colocar-se abertos às necessidades do outro. O grande mal da sociedade e que acaba gerando tanta desigualdade social, é exatamente essa sede desenfreada do ter mais para poder mais, deixando de lado o ser mais, para aprender a partilhar mais. Na escola de Jesus, aprendemos diversas lições, que são verdadeiras aulas para orientar a nossa vida e, uma delas, com certeza, é sobre a capacidade de partilhar. Na partilha nos sentimos felizes, porque vemos o outro feliz e isso nos realiza plenamente. Jesus não é contra a riqueza, mas sim, contra a ganância e o acúmulo que geram desigualdade. Enquanto uns tem demais, outros não tem nada. Na escola de Jesus se aprende a partilhar.

Edição n.º 1436.

Leia outras notícias
CORRIDA DE RUA