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Padre André Marmilicz: A mensagem do Profeta Ezequiel
Foto: Divulgação

Damos continuidade à nossa reflexão sobre o profeta Ezequiel, que viveu no Exílio da Babilônia entre os anos 609 a.C. até 571 a.C. É conhecido como o Profeta da Esperança, porque, mesmo diante da situação de escravidão vivida pelo povo, como exilado, ele garante que a situação vai melhorar. Alguns pontos se sobressaem na pregação do profeta. E são as suas palavras, como Sentinela do povo, que mantém neles a chama acesa de dias melhores. Ele garante que a situação vivida por eles um dia vai melhorar, porque ela não vai perdurar para sempre.

Uma das razões dessa certeza, é que Deus não abandona o seu povo, apesar das suas infidelidades. Deus é sempre fiel, porque essa é a sua essência, continuar acreditando na mudança das pessoas. No meio do exílio, o profeta vê a glória de Deus agindo, porque a sua glória se realiza plenamente, no homem livre, pleno e de pé. A Glória de Deus é a experiência fundante do profeta e marca fortemente os seus oráculos. Ezequiel, ao ver a glória de Deus, ele cai com o rosto por terra. A presença de Deus é incompatível com as abominações. O profeta recebe de Deus a certeza de que todas as ações divinas na história são revelação de sua majestade. Todos os acontecimentos da vida acabam sempre por mostrar o poder e a majestade do Senhor.

O tempo do profeta se desfaz diante da Palavra do Senhor, ‘ouvi a voz de alguém que falava’. Após a visão da glória de Deus, que o faz cair com o rosto em terra, ele ouve a voz do Senhor. A seguir, em uma nova visão, tem a experiência desta Palavra: Deus lhe oferece um rolo, isto é, um livro. O que Deus lhe diz é a sua missão: ‘Eu te envio aos israelitas’. Tal palavra é doce como o mel, porque marca a profunda ligação entre ele e Deus. Ele se alimenta da palavra divina, que sacia a sua fome. Deus se dirige sempre a ele, chamando-o como ‘Filho do Homem’. Ele é uma criatura pequena diante da grandiosidade da presença divina. O profeta fala em nome de Deus. Ele mesmo é sinal de Deus. Muitas vezes o que ocorre com ele indica o que ocorre com o povo. Toda a pessoa de Ezequiel está ligada com o anúncio de Deus e ele deve obedecer ao chamado pessoal que lhe foi dirigido sem nada temer. Ele ‘come’ o rolo, que é a palavra, e vai ruminando e ela se transforma em força para a sua missão.

Os sacrifícios, as orações, a liturgia são ocasiões especiais em que Deus manifesta sua glória. Sendo sacerdote, Ezequiel enfatiza muito os pecados cultuais. Ezequiel se opõe à idolatria em geral. Mas também nas relações humanas há infidelidades para com Deus. Os israelitas não praticam a lei de Deus. Culto a Deus e direito e justiça nas relações humanas estão intimamente ligados. Os líderes são especialmente responsáveis pelos pecados, pois são os que detém o poder político. Outro grupo enviado por Ezequiel são os exilados, pois, eles também praticam a idolatria. Para o cristão o que deve ser temida é a morte eterna, com o afastamento absoluto do bem, da felicidade, do amor que é Deus. O culto é muito importante, mas ele não deve ser dissociado da vida. Não basta o mero ritualismo, se ele não levar a um amor aos irmãos. É isso que vai pregar Ezequiel no Exílio, ou seja, que o culto leve a uma mudança de vida, a uma transformação a Deus. No Templo de Jerusalém havia muito culto, muitos sacrifícios, mas, eram vazios, apenas externos, porque não levavam a uma mudança nas relações humanas.

Edição n.º 1432.

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