Jesus se apresenta ao mundo de diversas formas, a fim de se dar a conhecer quem ele é e qual é a sua missão aqui na terra. Usa novamente uma imagem muito conhecida pelo povo de Israel: a Videira. Era muito comum que cada família cultivasse a sua videira e tivesse a uva ou o seu vinho próprio. Aliás, até hoje os vinhos de Israel são muito saborosos; tive a oportunidade de prová-los. A videira é o tronco, que dá ramos, e é dos ramos que vem a uva e da uva vem o vinho. Jesus usa essa analogia para falar sobre a sua pessoa que é a videira e sobre os seus seguidores, que são os ramos. O ramo que não estiver unido à videira, seca e morre. Por isso que o Mestre vai dizer: ‘sem mim nada podereis fazer’. Unidos a ele nós somos fortes e podemos produzir muitos frutos.
Nós somos os ramos, que ligados na videira, produziremos frutos de vida, de justiça, de amor, de compaixão, ou seja, seremos guiados por ele e faremos o mesmo que ele fez. É interessante perceber que os ramos todos os anos precisam ser podados. Se faltar a poda por anos seguidos, os ramos simplesmente deixarão de produzir a uva. As podas são dolorosas, mas, sem elas, o ramo perde o vigor e não produz mais nada. Quais são as tesouras que ajudam a nos podar, para que sejamos sempre melhores e mais eficientes? Certamente, em primeiro lugar, a própria Palavra de Deus. É ela que deverá conduzir-nos em nossa vida, em nossa missão. Devemos ser ouvintes da palavra, mas, mais do que isso, sermos praticantes da palavra. E, muitas vezes, a Palavra de Deus nos desafia e nos convida a uma verdadeira conversão, a uma mudança de vida. A sermos diferentes, renovados e entusiasmados em nossa missão.
Além da Palavra de Deus por excelência, a poda pode advir de alguém que nos questiona, que nos interroga e nos ajuda a sermos melhores. Para tanto, faz-se necessário e fundamental ter um coração humilde, para acolher com alegria aquilo que os outros tem a nos transmitir. Um coração fechado, uma atitude defensiva ou até violenta, jamais permitirá uma mudança e, naturalmente, deixará de produzir bons frutos. Será como aquela videira cujos ramos só produzem frutos amargos e azedos. Quem realmente quer estar ligado à videira, que é Jesus Cristo, está aberto para aceitar podas que ajudem na mudança de vida. Mudar não é fácil. Além de humildade para aceitar correções, faz-se necessário motivação, desejo, vontade de crescer, de se transformar, de deixar-se guiar pelo Mestre dos Mestres.
Na medida em que estamos ligados à videira, a nossa vida abre-se para a mudança, para a transformação. Nós somos seres em construção, e, diariamente temos muito a aprender e naturalmente, a mudar. Não somos seres prontos e, muito menos, temos a razão de tudo. Aprendemos com os outros, no encontro com a Palavra de Deus, na abertura às coisas novas e, isso nos torna melhores e com mais ferramentas para servir dignamente o Reino de Deus. Quem se acha pronto e não aceita mudanças, com o tempo, deixará de produzir bons frutos, ou pior, se tornará um ramo seco que não tem nada mais a oferecer aos outros. Na estrada da vida, somos eternos peregrinos, eternos caminhantes, sempre temos tanto para mudar e aprender. Como dizia o poeta com propriedade: ‘caminhante, não existe caminho; o caminho se faz caminhando’. E, assim, no caminho, abertos à mudança, poderemos diariamente dar frutos em abundância.