Jesus viveu em Nazaré até os 30 anos de idade, quando foi para a Galileia, para anunciar o Reino de Deus e a boa nova do evangelho. Sua fama rapidamente se espalhou, pelo seu jeito de ser único e diferente de ensinar, tocando o coração das pessoas. Depois de um certo tempo, ele voltou novamente para Nazaré e se dirigiu até a Sinagoga, onde, de costume, levantou-se para ler e lhe deram o livro do profeta Isaías. E Jesus encontrou então a passagem que diz: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação dos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor’. Depois entregou o livro ao ajudante e sentou-se. Todos tinham os olhos fixos nele. Ele então disse: hoje cumpriu-se a passagem da escritura que acabaste de ouvir.
Nesse texto de Isaías, está contida toda a missão que Jesus veio realizar neste mundo. É ele que foi ungido e enviado pelo Espírito de Deus e toda a sua missão será guiada e conduzida por esse Espírito. Em primeiro lugar, para anunciar a Boa Nova aos pobres. Quem são os pobres? Todos aqueles abandonados, esquecidos, excluídos da sociedade, os sofredores, os doentes, aqueles que ‘precisam de médico’. É para eles que Jesus foi enviado em primeiro lugar e são eles que vão acolher com muita alegria a boa nova do evangelho. Para proclamar a libertação dos cativos, ou seja, de todos aqueles que por uma ou outra razão estão presos, deprimidos, e que não se sentem livres. Jesus veio para libertar a todos das amarras da opressão, da depressão, enfim, de tudo aquilo que não permite o ser humano ser plenamente livre. Para recuperar a vista dos cegos, para que possam enxergar as belezas que existem nessa terra. Mas, libertar também de todo tipo de cegueira que não nos permite ver as dores e os sofrimentos do próximo. Ele mesmo vai dizer que os piores cegos são aqueles que tem vista, mas não veem. Para libertar os oprimidos, aqueles caídos pelo peso da vida, por tantas situações dolorosas da vida. E, vivendo tudo isso, proclamar o ano da graça do Senhor.
A missão de Jesus se mistura com a nossa missão. Como seus seguidores, somos chamados a dar continuidade àquilo que ele pregou e viveu. Somos desafiados a sermos sinais do amor de Deus, sinais de esperança e de vida nova. Estamos no Ano Santo do Senhor, no Ano Jubilar, cujo lema é: Peregrinos de Esperança. Num mundo dominado por tantas guerras, tantas mortes, tantas realidades movidas apenas por interesses pessoais, anunciar a boa nova do evangelho torna-se uma imposição, uma obrigação. Como peregrinos de esperança, deveremos semear o otimismo, um mundo novo, novos céus e nova terra. A nossa vida só tem razão profunda de ser, quando colocada a serviço dos irmãos, sobretudo, dos mais sofredores. O egoísmo destrói, o fechamento em si mesmo, também destrói, enquanto que, a abertura ao outro, nos torna livres e felizes. Como passageiros por esse mundo, temos a mesma missão de Jesus, de sermos sinais do seu amor por onde passarmos. A darmos atenção a quem está precisando de um ouvido; a levarmos palavras de conforto para quem está desanimado, aos oprimidos e deprimidos; a abrirmos os olhos dos cegos, para verem de modo novo e diferente. Sejamos, como seguidores de Jesus construtores do Reino de Deus neste mundo.
Edição n.º 1449.