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Padre André Marmilicz: O amor que corrige

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Entre tantos ensinamentos que Jesus nos deixou, um dos mais difíceis, com certeza, é sobre a correção fraterna. De um lado, aquele que corrige nem sempre o faz de modo correto, pois, por vezes, usa de palavras duras, violentas, agressivas e, até destruidoras. Pode até falar a verdade, mas, o faz de modo não adequado, não tendo como objetivo principal, o bem do corrigido. Pelo contrário, muitas vezes o faz para destruí-lo, derrubá-lo e arrasá-lo. E isso não está de acordo com aquilo que Jesus orienta a esse respeito. Por outro lado, nem sempre aquele que é corrigido tem a devida humildade para aceitar e admitir o seu erro, e, colocar-se numa atitude mudança. Tenta justificar, se defender, e, pior, em vez de mudar, ainda se torna violento e agressivo.

Da parte daquele que corrige, deve existir no fundo do seu coração, um desejo sincero de fazê-lo com amor, com o único intuito de querer o seu bem. E isso só é possível, se for uma atitude carregada de amor, de ternura, de compaixão, de misericórdia, e, não de cobrança, de julgamento, ou, pior ainda, de condenação. O jeito de ser de Jesus no momento de corrigir alguém que errou, era profundamente humano, acolhedor, mas, firme ao mesmo tempo. Para a mulher pecadora ele disse: ‘eu também não te condeno. Vai em paz e não peques mais’. Ele poderia usar de palavras duras, condenatórias, intimidatórias, mas, ele não fez nada disso. O amor de Jesus mudava completamente as atitudes das pessoas. Toda correção, por mais difícil que seja, e, por maior que seja o erro, deve ser carregada sempre de muito amor.

Por outro lado, aquele que recebe a correção, deve colocar-se numa atitude de humildade, para aceitar a admoestação vinda do outro. Geralmente as pessoas tendem a se colocar numa atitude defensiva, de negação, de projeção ou até de ameaça, de vingança. Raros são aqueles que abrem o seu coração e permitem que o outro os corrija, e, mais do que isso, que agradeçam até aquele que os corrigiu. Isso requer uma grande abertura interior, um desprendimento, um desejo sincero e profundo de querer mudar. Talvez a coisa mais difícil nesse mundo seja a mudança de hábitos. Costumamos encontrar justificativas, tais como, ‘eu sempre fui assim’, ‘você precisa me acolher como eu sou’ e tantas outras desculpas que claramente demonstram o fechamento interior a uma mudança de vida.

Os pais como educadores, tem o dever, a obrigação de corrigir os seus filhos quando esses erram e se desviam do caminho. Hoje vemos tantos pais que simplesmente tem medo de corrigir, como se isso naturalmente levasse o seu filho a ter traumas. O medo dos traumas os afasta de uma correção sincera, verdadeira, e, sempre carregada de amor. Os filhos percebem quando os pais corrigem porque os amam e querem somente o bem deles. O verdadeiro amor intervém, com ternura e compaixão e sempre cura. Na relação das pessoas que vivem em comunidade, a correção deve ser feita de modo individual, mas, sempre com amor e com um desejo profundo de ajudar o outro. Assim também, no mundo do trabalho, faz-se necessário por vezes corrigir, admoestar, ajudar o outro a perceber que errou e colocar-se numa atitude de mudança. De um lado, a humildade de quem recebe a correção, mas da parte de quem corrige, é imprescindível e fundamental uma atitude de amor e profunda compaixão.

Edição n.º 1379