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Todo ser humano almeja diariamente a felicidade, onde tudo possa estar bem harmonizado, sincronizado, sob controle. Mas nós sabemos que isso é impossível, pois o nosso dia a dia nos reserva tantas situações dolorosas, difíceis, inesperadas. A vida não é linear, mas, cercada por altos e baixos. Por mais que queiramos ter o controle sobre nossas vidas, nem sempre isso é possível. Acontecem tantas situações que simplesmente fogem do nosso controle. A dinâmica da vida pode ser resumida numa palavra: caminho. E neste caminho, surgem tantas realidades inesperadas, por vezes, subidas violentas, em outras, descidas pedregosas e desafiadoras. Claro que nem tudo são apenas pedras e espinhos, mas planuras, águas cristalinas, bosques, enfim, paisEdição n.º 1388agens que criam dentro de nós uma sensação de paz, de alegria e de bem-estar.

Entre tantos revezes que a vida nos apresenta, com certeza, encontra-se o mistério da dor. Mesmo que queiramos fugir, negar, esconder, abafar, existem situações que simplesmente precisamos saber conviver cm a dor. Existem as dores da alma e as dores do corpo. Diante da perda de algum ente querido, de uma situação inesperada, que requer uma postura firme e resiliente, a dor emerge com força e intensidade. São as dores da alma, e, muitas delas, vão nos acompanhar ao longo de toda a vida. Precisamos aprender a conviver com elas. A mãe que perde um filho, com certeza, carregará para sempre essa dor, que nenhum remédio poderá curar. Diante dessa dor, sem cura, é possível continuar a vida? Com certeza, sim. Conheci a mãe e o pai que tinham só um filho e esse morreu nu acidente. No auge da dor, esses decidiram doar tudo que pertencia ao filho, para uma obra social. É como se através daquele gesto, o filho continuaria vivo ajudando a tantos necessitados e carentes.

E como explicar e assimilar a dor física que acompanha tantas pessoas ao longo de suas vidas? Como entender a imensa dor que Jesus sofreu, como ser inocente, sendo flagelado, coroado de espinhos e crucificado na cruz? Uma dor inexplicável, mas, que pôr amor à humanidade, ele suportou até o fim. Conheço tantas pessoas que estão acamadas fazem anos, sem poder se locomover, cheias de dor e sofrimento. Como explicar essa realidade tão dolorosa e, por vezes, sem uma possibilidade de melhoras? Pessoas que sofrem em silêncio, sem nunca reclamar. Outras, não se conformam diante da realidade que vivem e reclamam, pirando ainda mais à sua situação.

Difícil encontrar uma saída, uma solução, um sentido para a dor. Mas, se soubermos acolhê-la em silêncio, poderá ajudar em nossa purificação pessoal. Poderá nos ajudar a penetrarmos em nossa realidade humana, como seres frágeis e limitados. Não somos seres humanos infalíveis e nem super homens, somos, sim, feitos de barro e facilmente sucumbimos. Um simples acidente pode nos causar tantos distúrbios, deixando marcas por toda a vida. Não creio que haja uma fórmula mágica para aceitar e conviver com a dor, embora hoje tenhamos inúmeros remédios que aliviam a dor. Talvez, uma das respostas seja a paciência diante da dor inesperada. As pessoas impacientes, estressadas, agitadas, tem muito mais dificuldades em conviver com a dor. Podemos também pedir a Jesus, manso e humilde de coração, faça o nosso coração semelhante ao dele. Mas, com certeza, a dor nos ensina que somos frágeis, pequenos e limitados.

Edição n.º 1388

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