Pilatos mandou matar alguns galileus por terem subvertido a ordem estabelecida. Isso provocou a indignação de algumas pessoas, que foram contar o fato para Jesus. A resposta do Mestre não foi de condenação a Pilatos e nem aos galileus, como se estivessem em pecado e por isso foram mortos. Isso o levou a convidar a todos a uma conversão, a uma mudança de vida. Lembrou então o fato daqueles que, por fatalidade, foram mortos por uma torre que caiu sobre eles. Não foi motivada pelos seus pecados, mas, foi um mero acidente. Outros poderiam estar ali e sofreriam a mesma desgraça. Também essa situação levou Jesus a conclamar a todos para que se convertessem e mudassem de vida.

Também hoje, tantas vezes o sofrimento é associado com o pecado, como se Deus estivesse castigando aquele que errou. Se isso fosse verdade, tantos considerados grandes pecadores e que estão em perfeita saúde, deveriam estar gemendo e sofrendo de dor. Tantos associam o sucesso, a prosperidade com a benção de Deus, e a pobreza, a miséria, como se fosse um castigo divino. Outro ledo engano, pois Deus não privilegia ninguém, pois, para Ele todos são iguais. E, ele mesmo, nasceu pobre e viveu na pobreza durante toda a sua vida. Deus não salva e nem castiga ninguém de acordo com os seus méritos. Ele faz cair a chuva sobre os bons e sobre os maus.

Deus é um Pai infinitamente bom, que age movido pelo amor, por uma compaixão infinita, sem limites e incondicional. São Paulo vai afirmar de modo brilhante que Deus nos amou quando nós ainda éramos pecadores. Ele não nos trata de acordo com os nossos atos bons ou ruins, ele simplesmente nos ama, em todas as situações e circunstâncias da nossa vida. Mas, por outro lado, Ele sempre acredita na nossa conversão e mudança de vida. Quando um pecador se arrepende e muda seu comportamento e suas atitudes, Deus faz festa. Ele se alegra com a conversão sincera e verdadeira e se entristece com os nossos pecados. Ele é um Pai cheio de misericórdia, sempre pronto a perdoar, porque Ele quer que todos se salvem.

Um pai ou uma mãe, jamais, em sã consciência, vão se alegrar ou vibrar com a desgraça de seu filho. Muito pelo contrário, isso vai gerar neles muita dor e muito sofrimento. A mudança de rumo do filho gera um alívio, uma alegria, uma grande festa em seus corações. Por isso que Jesus vai dizer: vós, que sois maus, não dais uma pedra a um filho que pede pão e nem serpente àquele que pede peixe. Deus, que é somente amor, bondade, misericórdia, compaixão, quer somente e unicamente o bem dos seus filhos. Por isso, mais do que pregar o inferno, causando medo e culpa nas pessoas, somos chamados a sermos instrumentos do imenso amor por cada um de nós. Todos nós somos pecadores, necessitados da misericórdia divina.

Tempo de quaresma é por excelência, tempo de conversão, de mudança de rumo, deixando para trás velhos e nocivos hábitos. O Senhor está sempre pronto a nos acolher com os seus braços abertos, porque seu Filho veio ao mundo não para nos condenar, mas, para nos salvar. Mais do que julgadores dos pecados alheios, somos chamados a sermos instrumentos do imenso amor de Deus por cada um de nós.

Edição n.º 1457.