Neste tempo de advento, em preparação para a grande festa do Natal, celebrando o nascimento do Salvador da humanidade, aparece de nodo incisivo a figura de João, o Batista. Filho de Zacarias e Isabel, que o conceberam já na velhice, pouco ou nada se sabe da sua vida até o momento em que ele vai para o deserto, preparar a vinda de Jesus. Seu jeito de falar era bastante duro, pesado, chamando o povo para a conversão, pois o tempo do Messias estava prestes a chegar. Fala até em tom de ameaça, afirmando que o machado já está na mão e a árvore que não der frutos será cortada. Se vestia de modo muito rude e comia gafanhotos e mel silvestre. Claro que não são os gafanhotos que nós conhecemos hoje, e, o medo era feito das tâmaras, muito comuns até hoje no deserto.
No deserto, João conclama todo o povo à conversão, à mudança de vida, onde todo vale será aterrado, ou seja, todos os corações deverão ser transformados em uma nova vida. A sua fala mexe com as pessoas, e, muitos vão até ele perguntando se ele não seria o Messias, o enviado de Deus. E ele, de modo bastante claro responde dizendo que não é digno de desamarrar a correia das sandálias daquele que há de vir. E mais, vai afirmar que ele batiza com água, mas, aquele que virá vai batizar no Espírito Santo João tem plena consciência da sua missão, e, em nenhum momento se coloca na atitude de que seria mais daquilo que ele é. Pelo contrário, ele assume o seu papel, a sua missão, como o precursor, como aquele que prepara os caminhos para a vinda do Salvador.
Certo dia, quando Jesus estava passando no caminho, João apresenta ao mundo quem é ele, dizendo: ‘eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo’. Essa imagem do cordeiro define Jesus como aquele que irá dar sua vida para nos salvar. Derramando seu sangue por nós, vai redimir-nos de todos os pecados. E, como último gesto de sua missão aqui na terra, ele batiza o próprio Senhor. Num primeiro momento, ele se vê como muito pequeno e indigno de batizar o Mestre dos Mestres, mas, compreendendo sua missão, batiza o Salvador da humanidade, nas águas do Jordão. Daí provêm então o nome de João, o Batista, ou, como ficará conhecido para sempre, o João Batista.
A voz que clamava no deserto, continua a ecoar em nossos dias, neste tempo especial, em que nos preparamos para a vinda do Salvador. Continua a clamar por conversão, por mudança de vida, por transformação. Todos nós somos seres humanos limitados, frágeis, pecadores, e, necessitamos de uma renovação constante. A voz de João Batista contina ecoando em nossos corações, pedindo uma transformação interior. É, portanto, um tempo propício de rever nossas atitudes, nossos gestos, nosso modo de nos relacionarmos com os outros, em família e na sociedade.
Neste tempo que antecede ao Natal, somos instigados a vivermos em clima de oração, participando das celebrações dominicais e dos encontros em família. Tempo de irmos ao deserto, ou seja, de encontrarmos momentos para estarmos a sós, deixando que a voz do Mestre fale dentro de nós e nos conduza a caminhos novos e a novas atitudes no nosso cotidiano. Tempo de esperança e de viver, tempo de alegria e de renascer, porque já se anuncia, que o Salvador virá, e o Salvador já vem.
Edição n.º 1444.