Desde que o Ministério da Saúde liberou a vacinação contra Covid 19 em crianças de 5 a 11 anos, uma avalanche de perguntas, dúvidas e opiniões ganharam as redes. De um lado os que se posicionaram contra a imunização, do outro, os que defendem a imunização nessa faixa etária da população. A médica pediatra Patrícia Beleski Carvalho de Oliveira, é umas defensoras da vacinação pediátrica e frisa que a principal função da vacina é diminuir o número de mortes e de casos graves e hospitalizações no público infantil.
“Existe uma pesquisa no Brasil, com relação aos óbitos por Covid 19 entre crianças, mostrando que, proporcionalmente o número de mortes foi maior no nosso País do que em países como os Estados Unidos e o Reino Unido. Isso é uma grande preocupação, principalmente para nós pediatras, que acreditamos que imunização nessa população é importantíssima para diminuir tanto o número de óbitos quanto de hospitalizações”, comparou.
A médica lembra que a Sociedade Brasileira de Pediatria afirma que a população não deve temer a vacina, mas sim a doença, e que a vacinação é um direto a ser assegurado às crianças. “Concordo com o posicionamento da SBP, principalmente porque temos um Programa Nacional de Imunização que é muito adequado, a vacinação aqui no Brasil possui um histórico e a população, na grande maioria, procura cumprir o calendário vacinal. E isso vem acontecendo com a vacina contra a Covid”, disse.
Sintomas
A pediatra também faz uma ressalva com relação aos sintomas da doença entre crianças e adultos, explicando que basicamente não há muito diferença. “Na criança, geralmente a Covid causa sintomas respiratórios. Ela pode ter tosse, dor de garganta, nariz trancado, nariz escorrendo, febre, dor abdominal, diarreia, vômito, dor no corpo, e o mesmo pode ocorrer com os adultos. Porém nas crianças, os sintomas tendem a ser mais sutis, às vezes só um nariz trancado, um pico febril, às vezes a recusa da alimentação, em alguns casos uma irritabilidade. No entanto, nesse momento em que estamos vivendo, de um aumento de casos, são sinais que devem chamar a atenção e podem exigir a testagem”, orienta.
Efeitos colaterais
Dra Patrícia defende ainda que existem estudos que comprovam que as vacinas, tanto da Pfizer quanto da Coronavac, em crianças, têm registrado efeitos colaterais raros. “Os efeitos adversos mais comuns, principalmente relacionada à vacina da Pfizer, são a dor no local da aplicação, em alguns casos da A dor no braço, pode fazer uma hiperemia (alteração da circulação), quadro de febre, mas normalmente são sintomas leves. Sabemos que existe uma grande preocupação da população com relação a miocardite (inflamação do músculo cardíaco). Com relação a vacina, a miocardite pode acontecer entre uma e um milhão de doses. É um evento adverso bastante raro e a miocardite relacionada com a vacina é de curta duração, auto limitada e não deixa sequelas. Diferentemente do que que acontece com o vírus selvagem da Covid 19, cuja estatística aponta uma gravidade de 10 a 20 vezes maior de ocasionar a miocardite”, ilustra.
Contraindicações
Outro ponto levantado pela pediatra são as contraindicações da vacina pediátrica da Covid 19. Ela esclarece que a contraindicação acontece apenas para casos em que a criança apresente alergia a algum componente da vacina. “Na verdade, não seria uma contraindicação, mas para as crianças que são imunodeprimidas (que tem o sistema imunológico enfraquecido), é indicada a vacina da Pfizer e não a da Coronavac. Não porque a Coronavac possa provocar algum efeito colateral, mas por uma preocupação de que a criança não consiga desenvolver uma resposta imune, pelo fato de ser imunodeprimida”, comentou.
Texto: Maurenn Bernardo
Publicado na edição 1299 – 17/02/2022