Depois de ter divulgados teaser ao mercado com os critérios de elegibilidade para os potenciais compradores da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), a Petrobras decidiu paralisar o procedimento.
O comunicado sobre a paralisação foi feito por meio do chamado fato relevante, publicado em sua página em 3 de abril. No documento a empresa explica que sua diretoria executiva revisará os processos de desinvestimentos não assinados, sendo que essas análises serão feitas no âmbito dos ajustes ao planejamento estratégico da companhia.
A paralisação acontece menos de um ano após anunciar que retomaria o processo de venda da Repar e de outras duas refinarias. Em entrevista recente ao jornal Gazeta do Povo, o analista de energia da Tendências Consultoria, Walter de Vitto, avaliou que a decisão da diretoria da Petrobras não pode ser considerada uma surpresa. Isto porque a orientação política do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é completamente diferente a de seu antecessor quando o assunto é a privatização de ativos da União. “Esse governo não é privatista, então acredito que vá atuar para interromper esse processo [de venda de ativos da Petrobras]”, afirmou.
Três refinarias tiveram processo de venda paralisados
Depois do fracasso inicial da primeira tentativa de venda, a Petrobras havia retomado o processo para se desfazer da Repar em junho do ano passado. Além da unidade araucariense, outras duas plantas integravam o pacote de desinvestimento em refino da estatal: a Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco e a Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), no Rio Grande do Sul.
No governo passado, a intenção da Petrobras era se desfazer de aproximadamente 50% de sua capacidade de refino nacional, totalizando 1,1 milhão de barris por dia de petróleo processado. Para alcançar esse objetivo eram considerados a venda integral da Repar, da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), da Refinaria Gabriel Passos (REGAP), da Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), da Refinaria Isaac Sabbá (REMAN) e da Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR), bem como os ativos logísticos integrados a essas unidades. Destas refinarias todas, a Petrobras só conseguiu concluir a venda da RLAM, REMAM, LUBNOR e SIX.
No teaser sobre a Repar, a Petrobras informava que as empresas interessadas na compra precisavam ter obtido receita bruta superior a US$ 3 bilhões em 2021, isto se pertencessem ao setor de óleo e gás. Se os investidores fossem ligados a outros setores era preciso possuir ativos sob sua gestão da ordem de US$ 1 bilhão.
Além da refinaria propriamente dita, a venda da Repar incluía ainda toda uma logística integrada, composta por 476 quilômetros de oleodutos e cinco terminais. A planta araucariense atende principalmente aos mercados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul, sendo responsável por cerca de 12% da produção doméstica de derivados de petróleo, como diesel, gasolina, GLP, coque, asfalto, óleo combustível, combustível de aviação, propileno e óleos marítimos.
Foto: Marco Charneski.
Edição n. 1366